Possuído por 15 mil
demônios, libertado pelo Santo Rosário
22/08/25
A cada Ave-Maria que São Domingos e o
povo rezavam, um grande número de demônios saía do corpo do possesso, em forma
de brasas acesas.
Quando São Domingos estava pregando o Rosário perto
de Carcassona, trouxeram à sua presença um albigense possesso pelo
demônio. São Domingos o exorcizou na presença de uma grande multidão de
pessoas; parece que mais de doze mil pessoas tinham vindo ouvi-lo pregar.
Os demônios que possuíam este infeliz foram obrigados a responder às perguntas
de São Domingos, com muito constrangimento.
Primeiro eles disseram que havia quinze mil
deles no corpo deste pobre homem, porque ele atacou os quinze mistérios do
Rosário. Continuaram a testemunhar que, quando São Domingos pregava o Rosário,
ele impunha medo e horror nas profundezas do inferno; e que ele era o homem que
eles mais odiavam em todo o mundo, por causa das almas que arrancou dos
demônios através da devoção ao Santo Rosário. Eles depois revelaram várias
outras coisas.
São Domingos colocou seu Rosário em volta do
pescoço do albigense e pediu que os demônios lhe dissessem quem, de
todos os santos nos céus, eles mais temiam, e quem deveria ser, portanto,
mais amado e reverenciado pelos homens. Neste momento, eles soltaram um gemido
inexprimível, com o qual a maioria das pessoas caiu por terra, desmaiando de
medo.
Então, usando de esperteza, a fim de não responder,
os demônios começaram a chorar e prantear de uma maneira tão deprimente que
muitos da multidão começaram a chorar também, movidos por compaixão natural. Os
demônios falaram através da boca do albigense, com uma voz dolorida:
— Domingos! Domingos! Tem piedade de nós, nós
prometemos que nunca te machucaremos. Tu sempre tiveste compaixão dos pecadores
e daqueles que estão na miséria; tem piedade de nós, pois estamos padecendo. Já
estamos sofrendo tanto, por que te comprazes em aumentar as nossas penas? Não
te dás por satisfeito com o nosso sofrimento? Tens de aumentá-lo? Tem piedade
de nós! Tem piedade de nós!
São Domingos não se mostrou nem um pouco movido de
compaixão por estes espíritos, e disse-lhes que não os deixaria a sós até que
respondessem à pergunta que lhes havia feito. Eles disseram, então, que lhe
sussurrariam a resposta de tal forma que apenas São Domingos seria capaz de
ouvi-los. Ele retorquiu que eles deveriam responder claramente e em
alta voz.
Então os demônios se mantiveram quietos e se
negaram a dizer uma só palavra, desconsiderando completamente as ordens de São
Domingos. Este, então, ajoelhou-se e rezou a Nossa Senhora:
— Ó, toda poderosa e maravilhosa Virgem Maria, eu
vos imploro: pelo poder do Santíssimo Rosário, ordene a estes inimigos
da raça humana que me respondam.
Mal acabara de orar, uma chama ardente foi vista
saindo dos ouvidos, das narinas e da boca do albigense. Todos tremeram de medo,
mas o fogo não machucou ninguém. Então os demônios disseram:
— Domingos, nós te imploramos, pela paixão de Jesus
Cristo e pelos méritos de sua santa Mãe e de todos os santos, deixa-nos sair
deste corpo sem que falemos mais, pois os anjos responderão a tua pergunta a
qualquer momento. E, além do mais, não somos nós mentirosos? Por que haveríeis
de nos dar crédito? Não nos tortures mais, tem piedade de nós.
— Pior para vocês, espíritos desgraçados e
indignos de serem ouvidos — respondeu o santo servo de Deus aos
demônios.
Ajoelhando-se diante de Nossa Senhora, então, São
Domingos assim rezou:
— Ó, digníssima Mãe da Sabedoria, oro pelas pessoas
aqui reunidas, que já haviam aprendido como rezar devotamente a Saudação
Angélica (i.e., a Ave-Maria).
Por favor, eu vos imploro, forçai vossos inimigos a proclamar a verdade
completa e nada mais que a verdade sobre isto, aqui e agora, diante
desta multidão.
São Domingos mal havia concluído esta oração quando
viu a Santíssima Virgem perto de si, rodeada por uma multidão de anjos. Ela
bateu no homem possesso com um cajado de ouro que segurava e disse:
— Responde ao meu servo Domingos imediatamente.
(Lembre-se o leitor que as pessoas não viram nem ouviram Nossa Senhora, mas
somente São Domingos.)
Então os demônios começaram a gritar:
Ó, vós, que sois nossa inimiga, nossa ruína e nossa
destruição, por que descestes do Céu para nos torturar tão cruelmente? Ó,
advogada dos pecadores, vós que os tirais das presas do inferno, vós que sois o
caminho certeiro para os céus, devemos nós, para nosso próprio pesar, dizer
toda a verdade e confessar diante de todos quem é a causa de nossa vergonha e
de nossa ruína? Ó, pobre de nós, príncipes da escuridão!
Ouvi bem, pois, vós, cristãos: a Mãe de
Jesus Cristo é todo-poderosa junto de Deus e capaz de salvar seus servos do
inferno. Ela é o sol que destrói a escuridão de nossa astúcia e sutileza. É
ela que descobre nossos planos ocultos, quebra nossas armadilhas e torna nossas
tentações inúteis e sem efeito.
Mesmo relutando, confessamos que nem sequer
uma alma que realmente perseverou no seu serviço foi condenada conosco; um
simples suspiro que ela oferece à Santíssima Trindade é mais precioso que todas
as orações, desejos e aspirações de todos os santos.
Nós a tememos mais que todos os santos nos céus
juntos e não temos nenhum sucesso com seus servos fiéis. Muitos cristãos que a
invocam na hora da morte e que seriam condenados, de acordo com nossos padrões
ordinários, são salvos por sua intercessão.
Ó, se pelo menos essa Maria (era assim que eles a chamavam na sua fúria) não
tivesse se oposto aos nossos desígnios e esforços, teríamos conquistado
a Igreja e a teríamos destruído há muito tempo atrás; teríamos feito todas
as Ordens da Igreja caírem no erro e na desordem.
Agora, que somos obrigados a falar, também vos
diremos isto: ninguém que persevera na oração do Rosário será condenado,
porque a Mãe de Jesus Cristo obtém para seus servos a graça da verdadeira
contrição de seus pecados e, por meio desse instrumento, eles obtêm o perdão e
a misericórdia de Deus.
São Domingos fez, então, com que todos rezassem o
Rosário bem devagar e com grande devoção. Enquanto isso, algo maravilhoso
acontecia: a cada Ave-Maria que ele e o povo rezavam, um grande número
de demônios saía do corpo do infeliz, em forma de brasas acesas.
Quando os demônios foram todos expulsos e o herege
se viu inteiramente livre deles, Nossa Senhora (que permanecia invisível) deu
sua bênção ao povo reunido, e eles se encheram de alegria por isso.
Muitos hereges se converteram por causa deste
milagre e ingressaram na Confraria do Santíssimo Rosário.
Referências
- Extraído e adaptado do livro de S. Luís M.ª Grignion de Montfort, “O
Segredo do Rosário”, trad. de Geraldo Pinto Faria Jr., edição
em .pdf, pp. 59-61.
(via Pe. Paulo Ricardo)
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