Estilo de vida

Sentir-se bem em casa, um pilar da saúde mental

20/10/25

Um especialista analisa os cinco elementos essenciais para se sentir bem em casa e consigo mesmo.

Embora se sentir bem em casa obviamente não seja a única maneira de se sentir bem, isso contribui para preservar a saúde mental . Esse desafio se tornou a principal causa nacional para 2025, diante dos números alarmantes relacionados ao bem-estar mental.

Doenças mentais e transtornos psicológicos afetam mais de um bilhão de pessoas em todo o mundo. Pessoas com transtornos psicológicos graves, todas em tratamento psiquiátrico (depressão, transtornos de ansiedade, transtornos bipolares, transtornos alimentares, esquizofrenia, transtornos obsessivo-compulsivos, etc.), constituem o maior item de despesa da previdência social, à frente do tratamento do câncer.

Sentir-se bem para melhorar a saúde mental

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Com uma dúzia de especialistas — psiquiatras, pesquisadores e trabalhadores de campo — cujas contribuições foram publicadas no final de agosto em um livro intitulado Le domicile, pilier de la santé mentale (O lar, pilar da saúde mental, Ed. de L'aube), a Fundação demonstrou o quanto se sentir bem em casa contribui para se sentir bem consigo mesmo.

"Partimos da ideia de que o lar é o lugar onde a saúde mental se constrói: quando vivida positivamente, como um refúgio de paz, segurança, amor e laços sociais, a saúde mental melhora, enquanto quando vivida de forma forçada, como uma imposição, a saúde mental se deteriora", explica à Aleteia Sophie Bressé, secretária-geral e diretora científica da Fundação Lar na França.

Uma relação ambivalente com o lar

O lar não é o mesmo para todos. Ele pode ser percebido tanto como um refúgio protetor quanto como uma fonte de estresse e ansiedade. "O lar, como um lugar de sofrimento, afeta não apenas migrantes, pessoas em situação de rua ou vítimas de violência doméstica, mas todos aqueles que se sentem marginalizados, confinados em seus lares, isolados ou dependentes químicos", explica Sophie Bressé.

Porque é na privacidade do lar que o sofrimento pode surgir em crianças, adolescentes, adultos ou idosos, por meio da solidão, ansiedade, violência doméstica ou comportamentos viciantes, principalmente o tempo de tela.

"O primeiro fator para melhorar as condições de saúde mental são as condições de moradia", enfatiza Serge Hefez, psiquiatra e psicanalista. "Ter um lar, um lugar para se proteger, seja sozinho, com a família ou mesmo em grupo em um abrigo, é a primeira condição para recuperar um mínimo de saúde mental."

Cinco elementos que contribuem para o bem-estar em casa

O estudo "GoodHome", realizado em 2019 com uma amostra de 13.000 pessoas de dez países europeus diferentes pelo Copenhagen Happiness Research Institute para o grupo de reformas residenciais Kingfisher, destaca cinco elementos que contribuem para o bem-estar em casa.

"Este estudo mostra que, quando nos sentimos confortáveis ​​em casa, nossas chances de levar uma vida feliz aumentam dez vezes. Surpreendentemente, os fatores mais importantes não são onde moramos, o tamanho da nossa casa ou se somos proprietários ou inquilinos. O mais importante é ter uma casa que nos dê uma sensação de segurança, conforto, controle, orgulho e identidade", explica Véronique Laury, CEO da Kingfisher.

Elementos que deterioram a saúde mental

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Os cinco elementos que compõem o bem-estar em casa são: primeiro, a segurança, ou seja, sentir-se protegido em seu próprio lar. Segundo, o conforto, que torna o lar um lugar para recarregar as energias, descansar e se sentir bem.

O terceiro elemento é o controle. Trata-se de ter controle sobre o seu próprio ambiente, como decidir os horários das refeições, convidar pessoas queridas e poder mudar esse ambiente como desejar. "O bem-estar em casa depende da capacidade de convidar pessoas, de ser esse espaço de conexão", insiste Sophie Bressé.

Portanto, uma dualidade é necessária para se sentir bem em casa: "O lar deve ser um lugar de refúgio, um espaço privado, só para si, mas também um espaço que nos conecta com os outros e com o mundo por meio de interações sociais."

O quarto elemento reside no orgulho que se sente pelo próprio lar, a ponto de a casa se tornar uma vitrine para as realizações pessoais. Por fim, o elemento essencial para se sentir bem em casa é a identidade, a capacidade de ser você mesmo.

"Nesse sentido, o lar é o lugar onde você pode ser você mesmo, ouvir a música que gosta, cozinhar o que quiser, o lugar onde você pode expressar sua personalidade, seus valores, sua religião...", explica Sophie Bressé. O lar pode, assim, se tornar um lugar onde a fé é vivida e expressa diariamente.

Entre os católicos, os objetos de devoção presentes nos lares — uma Bíblia, um ícone, um crucifixo — convidam-nos a aprofundar a sua relação com Cristo e a viver repletos da sua presença. São tantos os sinais que os recordam do amor infinito de Deus e da sua vocação para se conformarem a Cristo. Para além do conforto, do controlo ou do orgulho, contemplar Deus e deixar-se amar por Ele não são os caminhos mais diretos para a felicidade?

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