Como distinguir uma
verdadeira possessão demoníaca de um caso patológico?
29/09/25
Indicaremos os sinais pelos quais os
distinguimos
Tentarei responder com a maior precisão possível.
1. Os elementos constituintes da possessão
demoníaca
Dois elementos constituem a posse:
- A presença do demônio no corpo do possuído, e
- O império que exerce sobre o corpo e, através dele, sobre a alma.
O demônio não está unido ao corpo da mesma forma
que a alma está unida a ele; em relação à alma, ele é apenas um motor externo,
e se age sobre ela, é por meio do corpo em que habita. Ele pode agir
diretamente sobre os membros do corpo e fazê-lo realizar todos os tipos de
movimentos; indiretamente, ele age sobre as faculdades, na medida em que estas
dependem do corpo para suas operações.
Dois estados distintos podem ser distinguidos no
possesso: o de crise e o de calma. A crise é a forma de acesso
violento, no qual o demônio manifesta seu domínio tirânico produzindo uma
agitação febril no corpo, manifestada em contorções, gritos de raiva, palavras
ímpias e blasfêmias. Os pacientes parecem então perder todo o
conhecimento do que está acontecendo dentro deles, do que disseram ou fizeram,
ou melhor, do que o demônio fez através deles. Somente no início
sentem a irrupção do demônio; mais tarde, parecem perder a consciência. Essa
regra, no entanto, tem suas exceções.
Nos intervalos de tranquilidade, não há como
detectar a presença do espírito maligno; ele parece ter ido embora. Mas, às
vezes, sua presença se manifesta na forma de uma espécie de doença crônica que
frustra todos os remédios da ciência médica.
Muitas vezes acontece que muitos demônios possuem
uma única pessoa, o que demonstra o quão pouca possessão eles podem ter. A
possessão geralmente ocorre apenas em pecadores; mas há exceções.
2. Os sinais de possessão
Como existem doenças nervosas e monomanias ou casos
de alienação mental que se assemelham, em suas manifestações, à possessão
diabólica, é muito importante indicar os sinais pelos quais podemos
distingui-la dos ditos fenômenos mórbidos.
De acordo com o Ritual Romano, existem três
sinais principais para reconhecer a possessão demoníaca:
a) Falar línguas desconhecidas. Para verificar
isso, é necessário estudar a fundo o assunto; verificar se, no passado, tiveram
a oportunidade de aprender algumas palavras dessas línguas; se, em vez de
articular algumas frases decoradas, falam e entendem uma língua que realmente
não conheciam.
b) A revelação de coisas ocultas, sem que haja
meios naturais para explicá-las. Também neste aspecto, é necessária uma
investigação profunda. Quando se trata de coisas distantes, será necessário ter
certeza de que o sujeito não pode conhecê-las por meios naturais. Quando se
trata de coisas futuras, devemos aguardar seu cumprimento para ver se acontecem
exatamente como anunciados e se são suficientemente determinados para não
deixar espaço para equívocos. Depois de o fato ter sido completamente verificado,
ainda resta saber se esse conhecimento sobrenatural provém de um espírito bom
ou mau, de acordo com as regras para o discernimento dos espíritos; e de um
espírito mau presente na pessoa possuída naquele momento.
c) O emprego de forças consideravelmente superiores
às faculdades naturais do sujeito, dada a sua idade, formação, estado mórbido,
etc.; há, de fato, casos de superexcitação em que as energias são duplicadas. O
fenômeno da elevação no ar, quando plenamente verificado, é sobrenatural; há
casos em que, levando em conta as circunstâncias, não pode ser atribuído a Deus
ou aos Seus anjos; deve ser considerado um sinal de intervenção diabólica.
A esses sinais podem ser adicionados aqueles deduzidos dos efeitos causados pelo uso de exorcismos ou coisas sagradas,
especialmente aqueles aplicados secretamente por aqueles que se supõem
possuídos. Acontece, por exemplo, que quando algo sagrado é aplicado a eles, ou
orações litúrgicas são recitadas para eles, eles são tomados por ataques de
fúria indizível, e blasfemam horrivelmente. No entanto, esse sinal só é
verdadeiro quando tudo isso é feito sem o conhecimento do paciente; se eles
percebem isso, podem ficar furiosos, seja pelo horror que tudo relacionado à
religião lhes causa, seja por fingimento.
A posse não deve ser admitida à primeira vista, e
nunca é demais ser prudente antes de tomar uma decisão.
3. Diferença entre possessão e distúrbios nervosos
Experimentos com pessoas que sofrem de doenças
nervosas demonstraram certa analogia entre seus estados mórbidos e os gestos
dos possuídos. Isso não é surpresa: o demônio pode produzir doenças nervosas,
fenômenos externos análogos aos de pessoas nervosas. Este é mais um motivo para
sermos muito cautelosos ao julgar casos da chamada possessão.
Mas essas analogias estão apenas em gestos
externos, que não são suficientes para provar a posse.
Jamais se soube de um neurótico que falasse línguas
desconhecidas, revelasse os segredos do coração ou previsse o futuro com
precisão e certeza. Esses são, como dissemos, os verdadeiros sinais de
possessão; quando todos eles estão ausentes, pode-se julgar que se trata apenas
de uma simples neurose. Quando exorcistas ocasionalmente erraram, foi porque se
desviaram das regras estabelecidas no Ritual. Para evitar enganos, é
aconselhável que o caso seja examinado não apenas por padres, mas também por
médicos católicos.
4. Recursos contra a posse
Os remédios são, em geral, aqueles que podem
enfraquecer a ação do demônio no homem, purificar a alma e fortalecer a vontade
contra os ataques diabólicos; especialmente os exorcismos.
A) Soluções gerais
Uma das mais eficazes é a purificação da alma por
meio de uma boa confissão, especialmente uma confissão geral, que, ao nos levar
à humildade e nos santificar, afasta o espírito orgulhoso e impuro. O Ritual
aconselha acrescentar a isso o jejum, a oração e a Sagrada Comunhão. Quanto
mais puras e mortificadas formos nossas almas, menos o demônio terá poder sobre
nós; e a Sagrada Comunhão coloca em nós Aquele que venceu Satanás. No entanto,
a Sagrada Comunhão só deve ser recebida em momentos de calma.
Sacramentais e objetos bentos também são muito
eficazes, devido às orações que a Igreja recitava ao
abençoá-los. Santa Teresa tinha especial confiança na água benta, e com razão,
pois a Igreja lhe concede o poder de afastar o demônio. Mas ela deve ser usada
com espírito de fé, humildade e confiança.
O crucifixo, o sinal da cruz. E, acima de
tudo, as relíquias autênticas da verdadeira cruz aterrorizam o demônio que foi
derrotado pela cruz: "et qui ligno vincebat, in ligno quoque
vinceretur". Pela mesma razão, o espírito maligno teme profundamente a
invocação do santo nome de Jesus, que, segundo a promessa do Senhor, tem um
poder maravilhoso para afugentar o demônio.
B) Exorcismos
Diz o Catecismo (n. 1673):
Jesus o realizou (Marcos 1:25 ss.), e dEle a Igreja
tem o poder e o ofício de exorcizar. Simplificando, o exorcismo ocorre na
celebração do Batismo. O exorcismo solene só pode ser realizado por um padre
com a permissão do bispo. Nesses casos, é necessário proceder com cautela,
observando rigorosamente as regras estabelecidas pela Igreja.
O exorcismo tenta expulsar demônios ou libertar
alguém do domínio demoníaco graças à autoridade espiritual que Jesus confiou à
sua Igreja.”
Autor: Padre Miguel A. Fuentes, IVE
Artigo publicado
originalmente por pildorasdefe.net
Edição Espanhol
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