Esses santos aprovaram beber cerveja!

06/08/25
Santo
Arnulfo de Metz, Santa Hildegarda, Santa Brígida e Santo Arnulfo de Soissons –
conheça os santos que fabricavam cerveja, faziam milagres com ela e a bebiam
com gratidão a Deus.
Durante séculos, a cerveja foi uma bebida monástica
— uma alternativa segura à água contaminada, um auxílio nutritivo durante o
jejum e um trabalho dos monges. Alguns santos realmente a valorizavam — e com
razão.
Uma
bebida do mosteiro
A cerveja nem sempre foi uma bebida associada a
banquetes. Durante séculos, teve a reputação de ser... um hábito de jejum. Ao
contrário das noções modernas, nos mosteiros medievais era considerada
"pão líquido" – fornecia suporte ao corpo durante o jejum, fornecia
calorias e oligoelementos e, principalmente, era muito mais segura do que a
água de fontes locais.
Devemos isso aos beneditinos, cistercienses e
trapistas, que aperfeiçoaram a arte da fabricação de cerveja ao longo dos
séculos. Eles usavam água fervida, enriqueciam as receitas com ervas e, com o
tempo — assim como Santa Hildegarda de Bingen — começaram a adicionar lúpulo à
cerveja, o que lhe conferia longevidade e um amargor característico.
Mas não se tratava apenas do sabor. A cerveja era
frequentemente a única bebida nutritiva e segura, especialmente em tempos de
epidemias. E assim encontramos santos que não só fabricaram esta bebida
dourada, como também a recomendaram de todo o coração.
Santo
Arnulfo de Soissons – padroeiro dos cervejeiros
Santo Arnulfo de Soissons foi um monge beneditino
que viveu na virada dos séculos XI para XII. Seu talento para a fabricação de
cerveja era excepcional – ele sabia não apenas como prepará-la bem, mas também
como promovê-la. Durante a peste, ele recomendou que os moradores locais bebessem
cerveja em vez de água. Ele estava certo: ferver a água durante o processo de
fermentação eliminava bactérias, e o baixo teor alcoólico também protegia
contra infecções. Ele estava convencido de que a cerveja era "um presente
de Deus para a saúde". E muitos ainda concordam com ele hoje.
Uma bela lenda também envolve Arnulfo. Quando a
cerveja produzida no mosteiro começou a ter um gosto ruim, o monge foi até o
rio e mergulhou seu báculo nele. A água, antes turva, tornou-se cristalina — e
a cerveja recuperou um sabor excelente. Desde então, Santo Arnulfo é
considerado um defensor da boa cerveja — e o santo padroeiro dos cervejeiros.
Em Soissons, na Bélgica, os moradores ainda rezam a
Santo Arnulfo por sua intercessão no dia 15 de agosto. Eles pedem que sua
cerveja seja deliciosa e saborosa. Uma bebida "inspirada pela oração"
não só tem um sabor melhor, como também pode ser um motivo de reunião e
gratidão.
Santo
Arnulfo de Metz: Um Jarro Cheio de Milagres
Por sua vez, Santo Arnulfo de Metz, também um padre
francês, era, segundo a lenda, não apenas um eremita e bispo, mas também... um
milagreiro da cerveja. Reza a lenda que, durante uma viagem, ao ver peregrinos
cansados com uma jarra de cerveja para todos, ele rezou – e as jarras vazias
começaram a se encher.
Outra história diz respeito ao seu funeral.
Enquanto o corpo do santo era baixado à sepultura, os coveiros — exaustos pelo
calor — sentiram gotas frias no rosto. Segundo a lenda, anjos os borrifaram
com... cerveja. Mesmo que isso seja encarado com indiferença, é difícil não
apreciar o humor e o desprendimento dos nossos ancestrais.
Santa
Hildegarda e o Mistério do Lúpulo
Ao contrário dos estereótipos, não eram apenas os
homens que entendiam de cerveja. Foi Santa Hildegarda de Bingen quem primeiro
descreveu as propriedades do lúpulo e seu uso na fabricação de cerveja. Em sua
"Physica" – um herbário medieval de 1071 – encontramos uma referência
ao lúpulo "retardando a deterioração da bebida" e tendo um efeito
benéfico à saúde do corpo.
Hoje, é graças às suas observações que a cerveja
tem esse sabor único, levemente amargo, e é mais durável do que suas versões
antigas.
Santa
Brígida de Kildare e o milagre de transformar água em cerveja
Na Irlanda, ela é considerada uma das
"trindades de santos nacionais" – ao lado de São Patrício e São
Columba. Santa Brígida de Kildare era uma mulher corajosa e carismática e, ao
mesmo tempo, próxima das pessoas – especialmente dos pobres e doentes. E, como
muitas mulheres de sua época, era especialista em fabricar cerveja. Mas não só
isso – vários milagres estão associados a ela, indicando claramente que a
cerveja era... espiritualmente próxima dela.
Existem duas lendas sobre o santo relacionadas à
cerveja.
Certa vez, um grupo de leprosos sedentos a visitou.
Brígida notou que um banho estava sendo preparado para eles. Ela abençoou a
água – e em um instante, ela se transformou em um barril de cerveja. Em outra
ocasião, ela fez o mesmo com padres cansados – a água do banho, aparentemente
inútil, também se transformou em cerveja pura e refrescante.
Esta santa extraordinária não só realizou milagres
como também deixou sua marca na poesia. Um belo hino irlandês do século X
atribuído a Brígida sobrevive até hoje. Nele, ela fala de seu anseio pelo céu –
cheio de pessoas, canções e... cerveja.
Fragmento de uma canção atribuída a Santa Brígida:
Eu gostaria de dar a Deus um lago de cerveja.
Que os santos celestiais o bebam sem parar.
Eu ficaria feliz em sentar com as pessoas e Deus,
Ali, nas margens do lago de cerveja.
Eu serviria xícaras brancas cheias de amor
com um coração generoso além da medida.
Cada gota seria uma prece,
e cada gole, uma bênção.
Cerveja
- uma bebida católica
Alguns podem sorrir ao ouvir cerveja mencionada no
contexto da santidade. Mas a verdade é que, durante séculos, a Igreja conseguiu
combinar o espiritual com o cotidiano. São Bento não separava oração e trabalho
— tudo deveria conduzir à glória de Deus, incluindo o artesanato e o cuidado
com os outros. E a boa cerveja, fabricada com moderação e bebida com gratidão,
tem sido uma expressão dessa atitude.
Para registro: os santos em questão nunca
incentivaram o abuso de álcool. Pelo contrário, defenderam a moderação, a
sobriedade e a prudência. Mas também foram capazes de reconhecer o valor do que
é bom, natural e... comum.
Talvez hoje valha a pena lembrar que a cultura da cerveja — a verdadeira, sem adulteração — também pode ser uma cultura de encontro, conversa, relaxamento e gratidão. E essas são coisas que definitivamente beneficiam a humanidade.