Igreja

Papa tem resposta para quem está desgastado pela vida

09/08/25

Cada vez que realizamos um ato de fé dirigido a Jesus, estabelecemos contato com Ele, e imediatamente a sua graça emana dEle.

O Papa Leão XIV considera que uma doença generalizada aflige a sociedade: o "cansaço de viver" — o fenômeno de pessoas que acham que a realidade é "muito complexa, pesada, difícil de enfrentar".

O Santo Padre sugeriu passagem do Evangelho de Marcos aponta para uma resposta, com duas histórias que se entrelaçam e ambas marcadas por 12 anos.

Eis o que disse o Papa:

Queridos irmãos e irmãs,

Hoje, voltaremos a considerar as curas de Jesus como um sinal de esperança. Nele, há uma força que nós também podemos experimentar quando entramos em um relacionamento com a Sua Pessoa.

Uma doença muito comum em nosso tempo é o cansaço de viver: a realidade nos parece complexa demais, penosa, difícil de encarar. E assim nos desligamos, adormecemos, na ilusão de que, ao acordar, as coisas serão diferentes. Mas a realidade precisa ser enfrentada, e junto com Jesus, podemos fazê-lo bem. Às vezes, nos sentimos bloqueados pelo julgamento daqueles que afirmam rotular os outros.

Parece-me que estas situações podem encontrar uma resposta num trecho do Evangelho de Marcos, onde se entrelaçam duas histórias: a da menina de 12 anos, que está doente na cama e está a morrer; e a de uma mulher que sofre de hemorragia há precisamente 12 anos e que procura Jesus para ser curada (cf.  Mc  5, 21-43).

Antoine Mekary | ALETEIA

Entre essas duas figuras femininas, o evangelista situa o personagem do pai da menina: ele não fica em casa reclamando da doença da filha, mas sai e pede ajuda. Embora seja um oficial da sinagoga, não faz exigências por causa de sua posição social. Quando é preciso esperar, ele não perde a paciência e espera. E quando vêm lhe dizer que sua filha está morta e que não adianta incomodar o Mestre, ele continua a ter fé e esperança.

A conversa entre este pai e Jesus é interrompida pela mulher sangrando, que consegue aproximar-se de Jesus e tocar em seu manto (v. 27). Esta mulher, com grande coragem, tomou a decisão que mudaria sua vida: todos continuavam a lhe dizer para manter distância, para ficar fora de vista. Eles a haviam condenado a permanecer escondida e isolada. Às vezes, nós também podemos ser vítimas do julgamento de outros, que ousam vestir-nos com uma túnica que não é a nossa. E então sofremos e não conseguimos escapar disso.

Às vezes, nós também podemos ser vítimas do julgamento de outros, que ousam nos vestir com uma roupa que não é a nossa. E então sofremos e não conseguimos escapar.

Aquela mulher embarca no caminho da salvação quando a fé de que Jesus pode curá-la germina: então, ela encontra forças para sair e ir em busca dele. Ela quer estender a mão e, ao menos, tocar em suas vestes.

Ao redor de Jesus há uma grande multidão e, portanto, muitas pessoas o tocam, e, no entanto, nada lhes acontece. Em vez disso, quando essa mulher toca Jesus, ela é curada. Onde está a diferença? Em seu comentário sobre este ponto do texto, Santo Agostinho diz – em nome de Jesus – “A multidão se acotovela, a fé toca” ( Sermão  243, 2, 2). É assim: cada vez que realizamos um ato de fé dirigido a Jesus, estabelece-se contato com Ele, e imediatamente a sua graça emana dEle. Às vezes não nos damos conta disso, mas de forma secreta e real, a graça nos alcança e transforma gradualmente a nossa vida a partir de dentro.

Antoine Mekary | ALETEIA

Talvez também hoje muitas pessoas se aproximem de Jesus superficialmente, sem crer verdadeiramente em seu poder. Caminhamos pelas superfícies de nossas igrejas, mas talvez nosso coração esteja em outro lugar! Esta mulher, silenciosa e anônima, vence seus medos, toca com as mãos o coração de Jesus, considerado impuro por causa de sua doença. E ela é imediatamente curada. Jesus lhe diz: “Filha, a tua fé te salvou. Vai em paz” ( Mc  5,34).

Enquanto isso, o pai recebe a notícia da morte da filha. Jesus lhe diz: “Não tenha medo; tão somente tenha fé” (v. 36). Ele então vai até a casa e, vendo que todos choram e se lamentam, diz: “A menina não está morta, mas dorme” (v. 39). Ele entra no quarto onde a menina está deitada, pega a mão dela e lhe diz: “ Talità kum ”; “Menina, levanta-te!” A menina se levanta e começa a andar (cf. vv. 41-42). O ato de Jesus nos mostra que Ele não apenas cura de todas as doenças, mas também desperta da morte. Para Deus, que é a Vida eterna, a morte do corpo é como o sono. A verdadeira morte é a da alma: dela devemos ter medo!

Um último detalhe: Jesus, depois de reanimar a menina, ordena aos pais que lhe deem de comer (cf. v. 43). Eis aqui outro sinal muito concreto da proximidade de Jesus à nossa humanidade. Mas também podemos compreendê-lo num sentido mais profundo e perguntar-nos: Quando os nossos filhos estão em crise e precisam de alimento espiritual, sabemos como lhes dar? E como podemos, se nós próprios não somos nutridos pelo Evangelho?

Queridos irmãos e irmãs, na vida há momentos de decepção e desânimo, e também há a experiência da morte. Aprendamos com aquela mulher, com aquele pai: vamos a Jesus: Ele pode nos curar, Ele pode nos reanimar. Jesus é a nossa esperança!

 

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