'O Ritual': Uma recriação de um caso real de exorcismo
25/07/25
Al Pacino estrela um filme fraco, mas muito católico.
Se o leitor não viu O Ritual, deve ficar atento a alguns avisos (ou conselhos):
primeiro, é um filme de terror, que nem todos conseguirão suportar, embora os
mais acostumados ao gênero não o achem nada assustador; segundo, é inspirado em
fatos reais, o que pode gerar opiniões muito diferentes, desde os que aceitam o
aspecto demoníaco do filme até os mais céticos; por fim, é preciso ressaltar
que não é um grande filme (comparado a O Exorcista, por exemplo, pareceria muito fraco), e mesmo
assim o estamos discutindo aqui porque é repleto de valores religiosos e
iconografia católica presentes em cada cena.
Seu principal ponto de venda é a parceria de um
jovem ator com um veterano (algo cada vez mais comum, como vimos há alguns dias
com F1: O Filme ).
Al Pacino é a estrela experiente e parece cada vez mais envolvido em questões
religiosas: além de seu papel em O
Ritual, ele visitou recentemente o Papa Leão XIV no Vaticano,
tornando-se o primeiro ator a receber Robert Francis Prevost em sua capacidade
como pontífice. A visita estava relacionada às filmagens de Maserati: The Brothers , que
também é estrelado por Andy García e Anthony Hopkins. O rosto jovem pertence a
Dan Stevens, especialista em filmes de terror e fantasia: O Apóstolo, O Hóspede, O Homem que Inventou
o Natal...
É 1928. Earling, Iowa. O padre Joseph Steiger (Dan
Stevens) dirige a Igreja de São José, uma paróquia anexa a um convento, com mão
firme. Em sua última semana, ele luta para se conformar com a morte prematura
do irmão. Durante esse período de luto, um de seus superiores o informa sobre o
caso de uma jovem supostamente possuída por demônios: Emma Schmidt (Abigail
Cowen).
Após esgotar teorias médicas e não encontrar
explicação para seu tormento, a paróquia da jovem deseja tentar "um
sacramento solene", isto é, um exorcismo. A tarefa já foi confiada a um
padre capuchinho com vasta experiência: o Padre Theophilus Riesinger (Al
Pacino). O exorcista precisa de um local isolado, repleto de ícones religiosos,
e com algumas regras básicas de partida: restrições, transições e taquigrafia.
Steiger será responsável por tomar notas e criar uma cronologia dos eventos.
O
preço da falta de fé

IMDB
Como de costume, desde o início, as perspectivas da
juventude e da maturidade se chocam: enquanto Riesinger acredita firmemente que
se trata de um caso de possessão demoníaca, Steiger atribui tudo ao
comportamento psicológico. O mais jovem se mostra cético em relação ao caso de
Emma: ele acha que ela precisa de um médico ou de um psiquiatra, mas nunca de
um exorcista. O Padre Teófilo já o havia alertado desde o primeiro encontro:
"O Diabo fará o que for preciso para frustrar nossos planos. Devemos estar
preparados." O problema é que o mais jovem não está preparado: seu
ceticismo é agravado pela dor ainda intensa da perda do irmão.
Já imersos na expulsão, Riesinger chega a acusar
Steiger: "Estamos pagando o preço pela sua falta de fé." O exorcista
sabe que, sem fé, eles não conseguirão desalojar os males de Emma. Embora ela
venha de uma família católica muito devota, não consegue mais entrar em uma
igreja. O veterano sabe que a arma mais precisa que eles têm, além da fé, é a
Palavra. O Diabo se aproveita das fraquezas humanas para invadir os corpos
(trauma, abandono): "Nós também somos o alvo. Seu objetivo é nos fazer
renunciar a Deus."
A melhor parte do filme é a oratória do capuchinho
sobre as tensões entre o sagrado e o demoníaco, entre a fé e sua ausência...
Riesinger confessa que chegou à sua vocação através da dor e sabe que a falta
de fé e a dúvida podem se tornar suas fraquezas: "Esta é a missão do
inimigo, fazer-nos duvidar de nós mesmos, de Deus, do nosso propósito na
Terra... e, mais importante, causar-nos sofrimento."
O pior são vários elementos. Não inspira medo,
apesar das características do gênero (vômitos, insultos, tremores corporais
repentinos, atos violentos, vozes roucas vindas da mulher possuída...). A
direção de David Midell nunca corresponde ao roteiro, que tem certa força
quando Al Pacino fala.
Por alguma razão, talvez para nos dar a sensação de
verossimilhança documental, a câmera parece estar sempre nas mãos de alguém com
a mão um pouco trêmula: o fato de não estar apoiada em guindastes, tripés ou
trilhos para focar no que está sendo filmado... impede o espectador de se
envolver totalmente com os personagens. E há o que pode parecer um clichê, mas
é óbvio: nenhum filme sobre exorcismos conseguiu eclipsar O Exorcista, que estabeleceu as
bases do gênero e estabeleceu um precedente. Ainda não superaram o trabalho de
direção de William Friedkin.
Comentários
Postar um comentário