LIVRES DE TODO MAL

Como o diabo tenta (e não tenta) você

08/07/25

Temos que lembrar que nossos anjos da guarda podem usar as mesmas estratégias para o nosso bem… e de qualquer forma, Cristo já venceu.

Quem tem uma certa idade se lembrará do grande comediante Flip Wilson. (Se você não o conhece, pesquise!) Uma de suas rotinas mais famosas foi sobre uma mulher confrontada pelo marido por comprar roupas demais. Ela se defende gritando: "O diabo me fez fazer isso! O diabo me fez comprar este vestido!" e faz um relato elaborado e hilário de Satanás a seguindo e a pressionando para comprar uma roupa nova.

A Defesa Flip Wilson, como poderíamos chamá-la, é comum. Ao ouvir o modo como algumas pessoas falam, poderíamos pensar que Satanás é a causa de todo o mal que o homem comete. Mas será que o diabo pode realmente "nos obrigar a fazer isso" e nos levar a pecar?

Bem, sim e não.

Satanás e os anjos caídos escolheram ir contra Deus e, por serem anjos, suas vontades estavam presas a essa escolha. Portanto, eles se opõem permanentemente a Deus e agem no mundo para subverter a Sua vontade e tentar nos atrair ao pecado, causar nossa queda e nos levar ao seu próprio estado miserável.

Como nos diz a Escritura: “O vosso adversário, o diabo, anda em derredor, rugindo como leão, buscando a quem possa tragar.” (1 Pedro 5:8) Foi através das tentações da serpente no jardim que o pecado e a morte entraram no mundo. Como Jesus diz sobre ele: “Ele foi homicida desde o princípio e não se firmou na verdade, porque nele não há verdade. Quando mente, fala com naturalidade, porque é mentiroso e pai da mentira.” (João 8:44) A função do diabo é capturar almas!

Mas um demônio jamais poderá levá -lo a pecar no sentido mais estrito da palavra. O diabo não aperta botões nem aciona alavancas na sua capacidade de decisão, nem o leva a fazer coisas contra a sua vontade. Ele não pode levantar seu braço para dar um tapa na cabeça do seu amigo, nem coordenar suas pernas, braços e boca para assaltar um banco enquanto você assiste impotente. Sempre preservamos nossa liberdade de escolha.

Ainda assim, Satanás e os demônios podem nos tentar a pecar. Eles podem tentar nos seduzir e nos iludir. São Tomás de Aquino discute os ataques dos demônios em sua Summa Theologiae (ST I, q, 114). Por causa do pecado original, sofremos de concupiscência , o que significa que temos uma tendência a escolher o pecado. Nossos intelectos são obscuros, de modo que conhecemos o bem com dificuldade. Nossas paixões são desordenadas, de modo que tendemos a desejar as coisas erradas. Nossas vontades são fracas, de modo que nos é difícil fazer o que é certo. Já somos terreno fértil para o pecado.

Os demônios trabalham nesse terreno e tentam nos puxar na direção do mal. Há várias maneiras de fazer isso.

Primeiro, eles podem às vezes manipular o mundo natural, criando “maravilha mentirosa”, como Santo Agostinho os chamou, como os mágicos do Faraó que fizeram as serpentes aparecerem.

Em segundo lugar, eles podem atuar em nossa imaginação e até mesmo em nossos sentidos. Podem incutir imagens sedutoras em nossas mentes, por exemplo, oferecendo-nos uma imagem mental de nós mesmos praticando e desfrutando de algum ato pecaminoso; ou podem afetar nossos sentidos, como fazer com que aqueles biscoitos que você gostaria de roubar da padaria cheirem ainda mais doces. (Aquino essencialmente diz que os demônios podem afetar a química do nosso corpo para produzir efeitos físicos em nossas paixões — embora, à sua maneira do século XIII, ele expresse isso como "mover os espíritos animais e os humores corporais".) São Tomás compara as tentações dos demônios a colocar lenha para secar para que queime melhor. Suas ações sobre nós estão tentando nos predispor ainda mais a fazer a escolha errada.

Isso pode parecer assustador! Demônios mexendo com nossas mentes! Mas devemos lembrar também que os anjos bons, nossos anjos da guarda, têm poderes semelhantes e os usam para efeitos positivos: colocando imagens positivas em nossas mentes, estimulando nossos sentidos a serem repelidos por coisas que não deveríamos querer. E sempre, a escolha é nossa. Como Tomás de Aquino nos lembra, nenhum anjo, bom ou mau, pode mudar nossa vontade. Eles podem seduzir ou persuadir, mas não podem dominar (ST, I, q. 111, a. 2).

O diabo ronda como leão e sibila como serpente, tentando nos amedrontar. Ele pode até aparecer como um anjo de luz, tentando nos enganar (2 Coríntios 11:14). Ele é o príncipe do mundo, mas Jesus nos assegura: “Não temais, porque eu venci o mundo” (João 16:33).

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