E quando as coisas não saem como eu havia planejado?
11/09/25
Na pandemia, tivemos que ser como os
navegantes que mudam a rota para não naufragar mais na frente
Estamos vivendo um tempo de esperas. As incertezas
são muitas e diante desta nova realidade, alguns compromissos foram cancelados
em vista de um bem maior: o cuidado para com a saúde das pessoas.
A medida preventiva da quarentena já dura algumas
semanas e até alguns meses em várias partes do globo. Nesse contexto, muitas
viagens foram canceladas, alguns aniversários estão sendo celebrados em casa,
grandes eventos foram remarcados…
Com certeza você é uma dessas pessoas que teve que
adiar os seus planos e reajustar a vida neste tempo.
Mais do que nunca, ficou evidente que precisamos
uns dos outros. Dependemos tanto de serviços essenciais que são realizados por
pessoas desconhecidas (e importantes para a sociedade), que sem o trabalho
delas, nos vemos privados de muitas coisas.
Em casa, precisamos olhar mais uma vez para as
nossas planilhas com o planejamento do ano, deixando cair a máscara do nosso
egoísmo e da nossa autossuficiência. De repente, as autoridades civis e
eclesiais nos apontaram um novo rumo. E tivemos que obedecer.
Reajustamos a rota da vida através do temor, do
cuidado para com os outros e do zelo para com a nossa própria saúde. O orgulho
precisou ficar um pouco de lado: nem tudo (ou quase nada) está sob o nosso
controle.
Tivemos que esperar.
Neste período, somos como navegantes que mudaram a
rota para não naufragar mais na frente. Aparentemente, precisamos, mais uma
vez, aprender sobre a pobreza (de não ter tudo nas mãos) e sobre a humildade
(de se deixar conduzir).
Uma frase normal que muitos de nós temos ouvido
neste tempo é Não foi como eu
esperava, mas deu certo…
De fato, não tem sido como planejamos. Mas acho que
finalmente estamos nos dando conta da importância de abraçar as nossas
circunstâncias. Elas existem e não devem ser rejeitadas. Diante de uma mudança de rumo, fica claro que a
nossa verdadeira liberdade consiste na escolha que fazemos diante do
imprevisível, que é próprio da vida.
Chegou o tempo de compreender a frase de um
pensador espanhol que diz: Eu sou
eu e minha circunstância. (José Ortega y Gasset)
Felizes ou não, fomos conduzidos, com todo o
restante da humanidade, a um novo lugar, a uma nova circunstância, onde a
paciência precisou ser como uma bússola que nos mantém firmes e a esperança
como a certeza da chegada à terra firme após a difícil travessia.
No século das seguranças, das certezas e da
previsibilidade, enfim, estamos experimentando da beleza de mais uma vez não
ter todas as respostas. Que tempo propício para a nossa conversão!
Eu desejo, caro leitor, que nesta quarentena, você
reajuste o GPS da sua
vida e responda para si mesmo: Aonde você quer chegar? Quais são os seus reais
objetivos? Para que (e para quem) você tem vivido? Tem apontado a esperança
para aqueles que naufragam? Você reflete sobre a finitude dos seus dias e sobre
a necessidade de pensar na vida eterna, tem aspirado os bens que não passam?
Que diante dessas perguntas, possamos retornar ao
que realmente importa, dessa vez com mais virtudes, com um pouco menos de
prepotência e (bem) mais conscientes da nossa pequenez.
É tempo de reajustar a vida. Tá tudo bem em ser
como você não planejou…
A vida é mesmo essa caixinha de surpresas (e o novo sempre vem).
Por
Cássia Carvalho, via Comunidade Shalom
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