Prudência, nosso melhor bem
23/04/25
Ela
não só nos manda ficar, mas também nos manda ir
“E se alguém ama a justiça, seus trabalhos são
virtudes; ela ensina a temperança e a prudência, a justiça e a força: não há
ninguém que seja mais útil aos homens na vida. Se alguém deseja uma vasta
ciência, ela sabe o passado e conjectura o futuro; conhece as sutilezas
oratórias e revolve os enigmas; prevê os sinais e os prodígios, e o que tem que
acontecer no decurso das idades e dos tempos. Portanto, resolvi tomá-la por
companheira de minha vida, cuidando que ela será para mim uma boa conselheira,
e minha consolação nos cuidados e na tristeza” (Sabedoria 8,7-9).
O mundo de hoje vive uma grande crise de virtudes.
Cresce de modo assustador o grande problema dos vícios, seja ele de qual
natureza for: vícios de drogas, entorpecentes, cigarro, álcool entre
outros. Esse tipo de conduta chegou a atingir um ponto tão alarmante, que,
muitas vezes, temos vergonha de fazer a coisa certa.
Não nos é permitido mais fazer o certo, pois, se
você está certo, está errado no conceito do mundo. Além dos vícios físicos,
ainda há os vícios da alma. Pensa-se: “Perdoar? Imagine! Eu não preciso de
ninguém!”.
As pessoas acreditam que a virtude deve se dobrar
diante do vício, mas é exatamente o contrário que precisa acontecer: é o vício
que deve se dobrar diante da virtude. Por isso, há uma necessidade muito grande
da presença das virtudes em nossa vida.
Prudência não é
sinônimo de cautela
Hoje, vamos nos aprofundar na ”mãe das virtudes”: a
prudência. Não existe nenhuma outra coisa se essa não existe. Pensa-se que
prudência é ser cauteloso, mas não é isso que as Sagradas Escrituras nos
ensinam. Prudência não é sinônimo de cautela.
Prudência é ver e perceber aquilo que realmente é
importante; é perceber as coisas a partir da luz de Deus e dar a resposta certa
no momento certo. Prudência não é medo; é discernimento. Ela não só nos manda
ficar, mas também nos manda ir.
A sabedoria é fruto da prudência, as duas são
iguais. Compreendemos o que é preciso fazer, vamos lá e fazemos. No entanto,
para tomarmos essa atitude precisamos enxergar.
As virgens prudentes
A prudência sabe contornar as situações. Vejamos o
exemplo da “Parábola das Dez Virgens Prudentes”, que se encontra em Mateus
25,1-13:
“Então, o Reino dos Céus será semelhante às dez
virgens, que saíram com suas lâmpadas ao encontro do esposo. Cinco dentre elas
eram tolas, e cinco prudentes. Tomando suas lâmpadas, as tolas não levaram óleo
consigo. As prudentes, todavia, levaram de reserva vasos de óleo junto com as
lâmpadas.
Tardando o esposo, cochilaram todas e adormeceram.
No meio da noite, porém, ouviu-se um clamor: Eis o esposo, ide-lhe ao encontro.
E as virgens levantaram-se todas e prepararam suas lâmpadas. As tolas disseram
às prudentes: ‘Dai-nos de vosso óleo, porque nossas lâmpadas se estão
apagando.’ As prudentes responderam: ‘Não temos o suficiente para nós e para
vós; é preferível irdes aos vendedores, a fim de o comprardes para vós.’ Ora,
enquanto foram comprar, veio o esposo. As que estavam preparadas entraram com
ele para a sala das bodas e foi fechada a porta. Mais tarde, chegaram também as
outras e diziam: ‘Senhor, senhor, abre-nos!’ Mas ele respondeu: ‘Em verdade vos
digo: não vos conheço!’ Vigiai, pois, porque não sabeis nem o dia nem a hora”.
Essa passagem bíblica nos mostra bem o que é a
prudência. Às vezes, mesmo que tenhamos vontade de sermos solidários, não
podemos dar algo que vá nos faltar. Muitas vezes, damos de graça aquilo que nos
era necessário. Prudência é fruto de Deus, é virtude que vem do Alto.
Nem todo bem nos faz
bem
É fácil saber o que tem de ser feito, a que horas
fazer e como fazer? Claro que não! Para cada momento existe uma decisão
diferente. Não é sempre a mesma resposta. Se você dá sempre uma mesma resposta
para todos os seus problemas, está na hora de ser mais prudente.
Escolher entre o que é bom e ruim no nosso mundo é
fácil. Se eu lhe oferecer um pudim cheio de terra e um limpo, qual você vai
escolher? É claro que o pudim limpo. Ninguém quer aquilo que não é bom. Então,
por que as pessoas escolhem coisas ruins? “A escolha entre o bem e o mal é
questão apenas de inteligência”, lembra-nos Santo Inácio de Loyola.
Por isso, escolher entre o bem e o mal é questão
apenas de sobrevivência. Mas a vida não está baseada, simplesmente, na escolha
do bem. É preciso saber que nem todo bem nos faz bem, nem todo bem faz bem a
todos. Isso é o discernimento, é preciso saber escolher entre o bem e o bem
devido.
Se olharmos, por exemplo, o açúcar, ele é um bem, é
bom, mas não faz bem a quem é diabético nem a quem se recupera de cirurgias. Ou
seja, nem todo o bem nos faz bem o tempo todo.
Saber fazer as
escolhas
Escolher entre o bem e o bem devido é questão de
prudência. Para ser feliz é preciso saber romper com o apego das coisas que são
incompatíveis com nossa vida. Essa é a vontade de Deus!
Precisamos amadurecer para as escolhas mais
difíceis como essa, escolher entre tudo que é bom e encontrar a vontade do
Senhor, o bem que nos é devido. Acertar nessa escolha é questão de realização.
A prudência é a mãe de todas as virtudes, e é nela
que nos encontramos com o Senhor. Ser de Deus não é fácil, mas é possível.
Peçamos a Jesus Cristo prudência para nossas decisões.
Por
Padre Xavier, via Canção Nova
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