Oração e solitude: a maneira mais verdadeira de estarmos juntos ao próximo
13/07/25
A solitude é a decisão consciente de nos separarmos por um tempo para
ficarmos juntos com nós mesmos da maneira mais autêntica
O filósofo do século XVII, Blaise Pascal, em Pensamentos, declarou: “Descobri que
toda a infelicidade das pessoas surge de um único fato: não conseguem ficar
quietas no seu próprio quarto”. Na verdade, a solidão pode ser
assustadora, até mesmo aterrorizante... Especialmente a solidão sem Cristo:
“Sem Cristo, a solidão não significa estar sozinho, mas a ausência de sentido”
(L. Giussani).
Mas a solidão que Jesus nos pede é a solitude, um
isolamento voluntário — "Quando orares, entra no teu quarto, fecha a
porta e ora ao teu Pai em segredo"( Mt 6,6 ). E Ele está conosco
na nossa solitude temporária.
Colocamo-nos na solitude da oração justamente
para descobrir o sentido que Deus deseja investir na nossa vida.“É no
silêncio e na solitude que a pessoa se redescobre, redescobre a verdade sobre
si mesmo, e é através desta verdade que se acessa a dos outros” (G. Bernanos).
Mas como podem as pessoas ocupadas, enredadas nos
assuntos e preocupações da vida cotidiana, retirar-se para um lugar para
rezar? Isso não significa tornar-se um eremita! Trata-se de uma
decisão consciente de nos separarmos por um tempo para ficarmos
juntos da maneira mais autêntica. Madeleine Delbrêl, Serva de
Deus, refletiu muito sobre isto:
"Parece que esta solitude é algo que aqueles
que vivem entre as pessoas do mundo têm de renunciar. A verdadeira solitude não
é a ausência de pessoas, mas a presença de Deus. Colocar as nossas vidas diante
da face de Deus, entregar as nossas vidas aos movimentos de Deus, é vagar
livremente num espaço em que nos foi dada a solitude. Se a irrupção da presença
de Deus em nós ocorre no silêncio, permite-nos permanecer atirados, misturados,
radicalmente unidos a todas as pessoas que são feitas do mesmo barro que
nós."
E quando voltamos à mistura, depois de termos
estado separados por um determinado tempo para orar em privado, tornamo-nos uma
espécie de fermento para aqueles da nossa comunidade.
Cada um de nós sabe que possui uma espécie de
solidão que “encerra algo da nossa pessoa essencial” (M. Delbrêl). Até
Adão sabia disso. Valorizamos esta solidão essencial, que continua a nos
levar de volta à amorosa Presença de Deus. “Deus é o único amigo que não
abole a solidão essencial. Ele é, antes, o amigo em quem a solidão como
tal se realiza” (Von Balthasar).
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