A espiritualidade básica do fiel católico
09/07/25
Apresentamos
oito pontos considerados integrantes da espiritualidade básica do fiel
católico, ou seja, que cabem a todos em qualquer estado de vida escolhido
1.Sentire
cum Eclesia (Pulsar com a Igreja). Trata-se de uma expressão latina
que surgiu no início da restauração litúrgica do século XX. Significa que estar
com Cristo é estar com a Igreja, seu Corpo místico prolongado na história
humana (cf. Cl 1,24; 1Cor 12,12-21). Ela é uma Mãe santa que traz, em seu seio,
filhos pecadores. Para estes, no entanto, Ela mesma oferece a cura no
sacramento da Reconciliação.
2. A
Leitura eclesial da Bíblia. Quer dizer que o católico não lê a Palavra
de Deus escrita de modo subjetivo (“Eu acho que esta passagem diz isso...”),
mas à luz da Tradição oral (cf. Jo 20,30-31; 21,25; 2Ts 2,15) que deu origem à
Bíblia e a acompanha em sua correta interpretação. Correta interpretação que só
o Magistério vivo da Igreja pode oferecer, pois é assistido pelo Espírito Santo
(cf. Catecismo da Igreja Católica n.
85-87).
3. Boa
Formação doutrinária. É certo que para alcançar a santidade não é
preciso estudar. Basta o grande amor – afetivo e efetivo – a Deus. Todavia,
quem ama de verdade deseja conhecer cada vez mais o objeto do seu amor. Ora, se
isto ocorre no plano humano, muito mais deve se dar com Deus, o amor que nos
amou primeiro (cf. 1Jo 4,19). Busquemos, pois, boas fontes de formação.
4. A
Eucaristia e os demais sacramentos. Para cada momento da nossa
peregrinação terrena, temos um sacramento: ao nascimento biológico, segue o
nascimento espiritual pelo Batismo;
ao crescimento físico, acompanha o crescimento espiritual pela Crisma ou a Confirmação do
Batismo; a alimentação corporal, necessária para o sustento físico, tem
paralelo no alimento espiritual, na Comunhão,
a cada Santa Missa que devemos, em estado de graça, participar, ao menos aos
domingos; à medicina do corpo, pela qual somos curados, corresponde a medicina
da alma que é a Confissão ou
a Penitência, sacramento por meio do qual, através do sacerdote, ficamos
perdoados de nossos pecados em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo; à
forma de se realizar na vida, há a correspondência em atender ao chamado de
Deus nos sacramentos do Matrimônio ou
da Ordem (ministério
a serviço do Povo de Deus); na fragilidade humana – em um acidente grave, ante
uma cirurgia ou na velhice –, tem-se a força divina da Unção dos Enfermos. Não é um
sacramento de despedida, mas de fortalecimento, em Deus, para encararmos os
embates da vida (cf. Dom Estêvão Tavares Bettencourt, OSB. Curso de Liturgia. Rio de Janeiro:
Mater Ecclesiae, 1989, p. 39-40; Catecismo
da Igreja Católica n. 1210-1666).
5. Os
Sacramentais. “São sinais sagrados instituídos pela Igreja, por meio dos
quais são santificadas algumas circunstâncias da vida. Incluem sempre uma
oração, muitas vezes acompanhada do sinal da cruz e de outros sinais. Entre os
sacramentais, figuram, em primeiro lugar, as bênçãos, que são um louvor a Deus
e uma oração para obter os seus dons, as consagrações de pessoas e as
dedicações de coisas para o culto de Deus” (Compêndio do Catecismo da Igreja Católica n. 351).
6. A
Piedade popular. Pode ser, se bem fundamentada, uma resposta pessoal do
fiel ao Espírito Santo que fala no seu interior. Não se oporá à Liturgia, mas,
ao contrário, ajudar-nos-á a melhor vivê-la no nosso dia a dia (cf. Sacrossanctum Concilium n. 13).
7. O
Sacerdócio comum dos fiéis. Não se confunde com o sacerdócio
ministerial, mas é inerente ao próprio Batismo e leva cada fiel a fazer da sua
vida uma oferta a Deus ou, em outras palavras, a perceber que nada deste mundo
é neutro ou profano ao cristão, mas pode ser usado, no aqui e agora, em vista
do Reino celeste (cf. Lumen
Gentium n. 34).
8. A
Arte litúrgica. Deve, na Igreja, ser um meio e não um fim. Isto é, há de
servir de canal para levar o fiel do material ao transcendente ou do ser criado
(velas, pinturas, imagens etc.) ao Criador.
(Fonte: Dom Estêvão Bettencourt, OSB. Curso de Espiritualidade. Rio de Janeiro:
Mater Ecclesiae, 2006, p. 113-117).
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