Por que eu rezo e o sofrimento não acaba?
12/07/25
Em
Jesus, amor e sofrimento se tornam uma coisa só
Por que eu rezo pelo alívio do meu sofrimento, mas
Deus não dá um fim nisso?
Essa é uma pergunta difícil, pois está ligada ao
problema do sofrimento. O problema da dor. O problema do mal. Estamos
acostumados a pensar nisso de uma maneira abstrata, mas quando o sofrimento
atinge nossa vida real, as respostas do Catecismo sobre Deus podem nos dizer
muito (embora, muitas vezes não queiramos ouvir).
Eu tive que pensar sobre isso quando um leitora
levantou a questão comigo. Comecei dizendo a ela que entendia por que as
respostas tradicionais a deixam sem graça.
Quando minha mãe estava morrendo, ela me perguntou
– através de uma máquina, porque ela não podia falar, nem comer, nem se cuidar:
“Por que Deus permite isso?”. Todas as chamas sobre Deus trazendo o bem me
pareciam inadequadas naquele momento. Então, eu apenas a olhava com lágrimas
nos olhos, incapaz de falar.
Na mesma época, descobrimos que o grupo católico ao
qual eu havia dedicado minha vida adulta tinha sido fundado por um pedófilo que
usou meu grupo para enriquecer a si mesmo e perpetuar uma vida dupla. Nem tudo,
mas muito do que eu pensava ser minha vocação acabou se baseando nas mentiras
de um monstro.
Essas coisas sinalizavam que eu tinha que mudar
minha vida inteira, e a oração não era uma solução rápida para nada disso.
Foi por isso que respondi à minha filha do jeito
que eu fiz esta semana. Depois que ela se sacrificou enormemente para fazer uma
viagem missionária à Índia, a viagem foi cancelada por causa do coronavírus e
redirecionada para uma viagem doméstica.
“Mas isso significa que Deus abençoará esta viagem
de uma maneira especial, certo?” ela perguntou.
“Espero que sim”, eu disse. “Mas, honestamente, às
vezes você descobre que isso significa apenas que você recebeu a primeira de
uma série de decepções. Geralmente, o sofrimento é seguido por outro ainda
pior. ”
Então, como entender o motivo do sofrimento? Eu
tenho uma resposta em quatro partes:
– 1.°: os piores sofrimento que vivi sempre foram
adoçados pelo amor.
Minha mãe sorria constantemente enquanto morria,
inspirando a todos. Nosso segundo filho mais novo nasceu na mesma semana em que
aprendemos a verdade sobre o padre que admirávamos – e o filho trouxe um enorme
amor para nossa casa. Às vezes, especialmente quando sofremos, vem o amor e
torna a vida mais bonita.
– 2.°: essa vida não é tudo o que existe.
Isso não significa que essa vida não importa, mas
significa que nossa perspectiva pode estar errada. Adoro como o Papa Bento
XVI fala: “A vida eterna não é uma sucessão interminável de dias no calendário,
mas algo mais como o supremo momento de satisfação, no qual a totalidade nos
envolve… Seria como mergulhar no oceano do amor infinito … mergulhar sempre de
novo na vastidão do ser, na qual somos simplesmente inundados de alegria. ”
O céu também é a mansão de Deus, um novo céu e
terra, e um encontro com o próprio amor e com nosso verdadeiro lar.
– 3.°: em Jesus
Cristo, amor e sofrimento se tornam uma coisa só.
Jesus foi o “servo sofredor” a vida toda. Ele chora
quando Lázaro morre, ele chora sobre Jerusalém, sofre infidelidade e traição,
sua sangue e reza para que o cálice da Paixão possa passar por ele – e depois
abraça a vontade de Deus, mesmo que isso signifique tortura e morte.
Em Cristo, amor e sofrimento são uma coisa só, e
isso cria nossa doçura final e nosso caminho final para a vida eterna, onde
“todas as lágrimas serão enxugadas”.
– 4.°: se você não acredita em mim, pergunte a
Jesus.
Não tenho certeza se tudo isso foi afirmado da
melhor maneira possível, e talvez pareça apenas banalidades. Mas se Jesus
é quem nossa fé diz que ele é – e ele é -, então você tem um certo recurso.
Pergunte a ele. Diga: “Senhor, ajude-me a entender por que isso está
acontecendo”.
Perguntei a ele várias vezes durante os dias mais
sombrios e recebi minha resposta: o amor é fundamental, a dor é temporária e
nossos desejos mais profundos de paz e alegria estão lá porque Deus os
cumprirá.
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