Acha que a oração contemplativa não é para você?
Tente isto
17/07/25
Ao
rezar fielmente, chegará, um dia ou outro, a um limite, o limite da oração
interior. E isto é o que você deve fazer para alcançar este “novo mundo” e
entrar em contemplação
Para muitos, a contemplação é um continente inexplorado,
sem embargo pressentido, às vezes até mesmo entrevisto. Uma vida após a morte
que muitas vezes desperta mais medo do que desejo. Já ouvimos falar disso, mas
não nos imaginamos a ir lá pessoalmente. Admiramos o testemunho dos místicos:
os grandes clássicos (Santa Teresa de Ávila, São João da Cruz…), outros mais
próximos e mais populares (São Padre Pio ou Marthe Robin), mas não os queremos
imitar. É verdade que eles são inimitáveis. Se os mestres espirituais escrevem,
não é para ser imitado, mas para ser seguido. A história de uma alma é sempre
inédita. Não há dois caminhos iguais. Mas todos temos um caminho a seguir. Este
é o problema: demasiados cristãos bem-intencionados ficarão a meio caminho.
Permanecer em Cristo, como Ele permanece em nós
Eu gosto de comparar a nossa oração habitual com
uma procissão através das praças da igreja. É lindo, é necessário. Mas será que
vamos passar o limiar? Ousaremos entrar no Santo dos Santos? A nossa oração
gira em torno do mistério. Ela se aproxima e ao mesmo tempo se desvia dela.
Será que pode ir mais longe? Com Moisés, se aventurar na nuvem da sombra e da
luz, com Elias, se aventurar no silêncio da Presença. É o momento em que as
palavras são silenciosas, o fluxo dos pensamentos é suspenso, a alma está em paz
e em silêncio “como uma criança no seio materno” (Sl 130,2).
Uma ideia traduz isto. Surge pelo menos 39 vezes no
evangelho de São João. É a ideia de “permanecer”, de “estar em”. “Se alguém me
ama, guardará a minha palavra e meu Pai o amará, e nós viremos a ele e nele
faremos nossa morada.” (Jo 14,23). “Permanecei em mim e eu permanecerei em
vós.” (Jo 15,4). “Eu vivo, mas já não sou eu; éCristo que vive em mim.” (Gl
2,20). O contrário também é verdade; aprendo a viver Nele: “Tende um mesmo
amor, uma só alma e os mesmos pensamentos.” (Fil 2,2).
Contemplar é se
transformar
Cuidado! Esta convergência, que tende a coincidir,
não é de fusão. Fusão é confusão. O autêntico misticismo éalgo da ordem da
comunhão. Não é a mesma coisa! Isto é o que distingue a contemplação cristã da
“meditação” em voga na Nova Era. Um ponto típico desta religiosidade mais ou
menos oriental é a tentativa de superar a alteridade, considerada como um
estado de consciência inferior (dualista). Às vezes é o “eu” que tem de se
dissolver no Todo (tal como a boneca de sal se dissolve no oceano), às vezes é a
divindade que tem de ser identificada como o “eu” profundo. Em ambos os casos,
a oração não é mais coração a coração. O diálogo se torna um solilóquio. O
caminho não leva a nada nem a ninguém.
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