Os 10 poderes da inteligência espiritual
24/09/25
Segundo o filósofo Francesc Torralba Roselló
Você já se perguntou como anda a sua inteligência
espiritual? Neste bate-papo com a Aleteia, o filósofo Francesc Torralba fala
sobre o que é a inteligência espiritual. O especialista, consultor do
Pontifício Conselho para a Cultura, resumiu o tema no livro “Inteligencia
Espiritual”.
1. Vale a pena viver?
Seja qual for a definição concreta de vida, “viver
faz sentido”? O que eu posso esperar da vida? Estas perguntas deixam claro o caráter
misterioso das criaturas.
O ser humano sempre está em busca de algo. Em virtude de sua inteligência
espiritual, ele é capaz de se perguntar sobre o sentido da existência, tem o
poder de se perguntar por que vai realmente preencher de valores sua passagem
neste mundo.
Em graus diferentes, podemos distinguir nos
mamíferos superiores formas de inteligência linguística, emocional e
interpessoal. Mas a inteligência espiritual é uma modalidade específica do ser
humano.
2. Perguntas e respostas
Que tipo de interrogações são produtos da
inteligência espiritual? Para que estou no mundo? Que sentido tem minha
existência? O que posso esperar depois da morte? Que sentido tem o mundo? Por
que sofrer? Para que lutar? O que merece ser vivido?
Não temos respostas evidentes a tais perguntas. Mas
a busca dessas respostas constitui um estímulo para o desenvolvimento
filosófico, científico e tecnológico da humanidade.
A inteligência espiritual não se satisfaz com o
“como” nem com o “porque”. Ela precisa conhecer o para que.
3. A capacidade de
distanciamento
A inteligência espiritual oferece o poder de
tomarmos distância da realidade circundante. Mas também de nos distanciarmos de
nós mesmos.
Não se deve entender esse distanciar no sentido
físico. A inteligência espiritual permite que nós nos separemos do mundo, do
nosso próprio corpo. Mas tal operação é unicamente mental. Consiste, pois, em
se separar sem deixar de ser, sem abandonar o mundo.
A distância é, em paradoxo, o único modo de
compreender realmente algo. Para poder valorizar a textura e a qualidade de um
vínculo, de uma relação e de uma amizade, é essencial tomar distância e,
depois, contidas as paixões e emoções, julgar com imparcialidade.
4. A autotranscendência
Transcender consiste em ir além, em não se
contentar com o que é, com o que se tem, com o que se sabe. Transcendência
expressa carência, mas também esperança.
Além do significado religioso da palavra
transcendência, a capacidade de transcender não é algo que acontece somente com
pessoas religiosas, mas com qualquer ser humano, pois a as pessoas querem
superar seus limites.
5. A admiração
Uma coisa é existir; outra, muito diferente, é
dar-se conta de que alguém ou alguma coisa existe. A planta existe, ocupa um
lugar no espaço e dispõe de tempo de vida. Mas ela não sabe que existe. Não
experimenta a surpresa de existir nem a vertigem da passagem do tempo.
A admiração requer a distância física. Para se
admirar uma pintura, uma paisagem, o céu estrelado ou um corpo belo, deve-se
tomar distância física, afastar-se.
Quando alguém tem a certeza de que existe, podendo
não ter existido, experimenta uma surpresa. E esta surpresa o leva a amar a
vida e a gozar intensamente dela; a transformar o fato de estar no mundo em um
projeto.
6. O autoconhecimento
A inteligência espiritual nos proporciona o
conhecimento de nós mesmos.
Os grandes mestres da história da humanidade, de
Sócrates a Confúcio, mostraram que o grande objetivo da educação é o
conhecimento de si próprio.
Quando uma pessoa cultiva a inteligência
espiritual, obtém a capacidade de distinguir o personagem do ser, a
representação da essência. Então, pode-se chegar a desprender-se do que alguns
autores chamam de “ego” e abrir-se à dimensão transcendente do chamado “self”.
7. La capacidade de dar
valor
A tarefa de valorizar algo ou alguém é
exclusivamente humana e transforma o ser humano em um sujeito ético. A
experiência ética encontra seu fundamento na inteligência espiritual. Somos
seres capazes de ter experiência ética, porque temos capacidade nos distanciar
e julgar.
Só o ser humano é capaz de construir sua própria
pirâmide de valores e viver conforme ela.
8. O gozo estético
Um ser espiritualmente sensível deleita-se com a
beleza natural, com as manifestações artísticas e com a simplicidade das
pequenas coisas.
A experiência estética é uma vivência específica do
ser humano, uma peculiaridade de seu ser no mundo, que não se detecta em nenhum
outro ser.
O animal procura a presa e, quando ela está a seu
alcance, ataca. O ser humano é capaz de se distanciar dos impulsos primários,
de contê-los e canalizá-los oportunamente. Ao ser humano basta viver, desejando
o bem, a bondade, a unidade, a beleza e, antes de tudo, viver uma vida com
sentido.
9. O sentido do mistério
O mistério circunda o ser humano, é insondável, vai
além do desconhecido ou do que se mal conhece. Em um sentido estrito, significa
o que está oculto, o que não se percebe com os sentidos nem se esclarece com o
razão.
O ser humano, ao longo da história, sente-se
constantemente convidado a desvendar o mistério do mundo de das pessoas.
A inteligência espiritual nos dá a capacidade de
fazer perguntas. Uma pessoa profunda aprende a conviver com as perguntas
finais.
10.
A busca de uma sabedoria
Os conhecimentos científicos não satisfazem o ser
humano. Toda pessoa deseja uma orientação que lhe permita viver feliz.
A inteligência espiritual proporciona o trabalho de síntese, o olhar em conjunto. O fato de não existirem respostas conclusivas no plano científico não significa que não existam respostas inteligentes com plenitude de sentido.
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