Ansiedade: a cruz que não nos leva ao Pai
08/09/25
Viver baseado nas preocupações futuras é
fator preponderante para o desvio da atenção à cruz real que é sua e que agora
se faz necessário carregar
Viver é uma batalha constante, e ainda que haja
momentos de refrigério, as lutas enfrentadas fazem parte do cotidiano de
qualquer ser humano. Esse é um fato incontestável e que não há muito o que
fazer com relação a isso. Entretanto, é necessário ter em mente que se deve ter
muito cuidado em carregar cruzes que não levam o seu nome, porque, ao invés de
haver um crescimento pessoal, essa condução pode levar a distrações que, em
muitos casos, desviam do foco principal.
As cruzes fazem parte da jornada da vida, e tê-las
é sinônimo de auxílio para se chegar ao céu. É através dos obstáculos que o ser
humano vai, ao longo da estrada, adquirindo as armas necessárias para o combate
que está a enfrentar; e assim, munido de sabedoria,
fortaleza, ciência, piedade, temor a Deus e inteligência, será possível confiar
na vitória. Todavia, há contratempos que desviam o indivíduo desse galgar
frutífero, dentre eles a ansiedade, tão comum nos tempos atuais.
Confiança
Jesus, em muitas passagens bíblicas, evidencia a
importância da confiança no Pai e no fato de não deixar o medo ser seu guia. E
se há algo que impede a crença total em Deus é justamente a ansiedade, que leva
o homem a carregar cruzes imaginárias e todas ao mesmo tempo.
Na oração do Pai Nosso, pedimos “o pão nosso de
cada dia”, o cristão suplica, portanto, a graça necessária para cumprir hoje a
vontade reservada por Deus, porque a benção que é colocada em cada um se
reserva ao presente e não às cruzes que ainda virão. Mas às vezes o cristão se
esquece desse ensinamento e se deixa tomar pela paixão que o impede de confiar,
e não vive no verdadeiro abandono à Divina Providência.
Preocupações
Viver baseado nas preocupações futuras é fator
preponderante para o desvio da atenção à cruz real que é sua e que agora se faz
necessário carregar. Os pesos futuros pelos tormentos de possibilidades que nem
sequer são concretas tornam o percurso um processo de total extermínio e nunca
de um verdadeiro crescimento. O murmúrios da mente que se fixam no “e se...” geram uma autotortura que
cegam e dificultam as tomadas de decisão. Não se trata, entretanto, de um
verdadeiro ode à imprudência. Pelo contrário, trata-se de não desviar a atenção
e deixar de lado o que genuinamente é de sua competência realizar.
Vale acrescentar que se existe uma verdade
antropológica é esta: a consciência humana acerca do presente, passado e
futuro. Portanto, o dom do reconhecimento do hoje é essencial para que saibamos
perceber que a graça nos visita sempre e que se assim foi no passado, assim
será no futuro; por conseguinte, é através da benção de hoje, e não do ontem ou
de amanhã, que haveremos de tirar a força necessária para carregar a nossa
cruz.
Santa Teresinha do Menino Jesus compôs uma poesia a
esse respeito: Je n’ai rien
qu’aujourd’hui!, “Eu só tenho o dia de hoje”. “Eu não dou conta de
pensar no futuro sombrio. Para viver e cumprir meu dever, eu só tenho o dia de
hoje, eu só tenho o agora”. Que possamos entender a importância de estar e
viver o presente que Deus nos dá diariamente.
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