Psiquiatras se manifestam sobre risco de suicídio entre jovens
27/08/25
O
problema ganhou destaque na mídia depois de ser abordado em jogos e série de TV
A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP),
Associação Psiquiátrica da América Latina (APAL) e o Conselho Federal de
Medicina (CFM) divulgaram uma carta aberta à população, em que se manifestam
sobre os riscos do suicídio entre os jovens.
O texto diz que o problema é antigo e que ganhou
evidência recentemente. “Nos últimos dias, ‘jogos’ praticados por usuários da
internet, os quais envolvem tarefas cujo ato final inclui a tentativa de
suicídio, têm sido destaque na mídia e motivo de grande preocupação para pais,
educadores e profissionais de saúde. No entanto, os acontecimentos atuais
apenas trouxeram à luz um grave problema de saúde pública, ignorado por muitos,
mas motivo de preocupação e trabalho contínuo da ABP e de suas federadas”,
afirma o documento.
De acordo com a ABP, o suicídio é a segunda maior
causa de morte entre os jovens de 15 a 19 anos. Para os médicos, a depressão
consitui o principal fator de risco para o suicídio. Ainda segundo a carta,
outro fator de preocupação é o fato de os jovens terem grande facilidade de se
identificar e se infiltrar em grupos com sentimentos e rituais próprios. “A
participação do jovem nesses grupos, reais ou “virtuais”, pode indicar uma
vulnerabilidade prévia a atos impulsivos, além da presença de sintomas
depressivos. Mudanças bruscas de comportamento, isolamento social e abandono de
atividades prazerosas, tristeza persistente, alterações do sono e apetite,
queda no rendimento escolar, lesões sem explicação aparente (sugerindo
autoagressão) e mensagens que caracterizam desesperança, despedida ou com
conteúdo de morte nas mídias sociais, são um sinal de alerta e não podem ser
negligenciadas. Pais, escolas e profissionais de saúde devem estar atentos e
capacitados para identificar as transformações que apontam para condutas de
risco. É comum que esses adolescentes, fragilizados pela doença psiquiátrica,
como depressão, transtorno de estresse pós-traumático ou abuso de substâncias,
ao procurarem na internet informações que o ajudem a entender o que estão
sentindo, entrem em contato com conteúdo não apenas inadequado, como também
criminoso”, alertam os médicos na carta.
Finalizando o comunicado, a ABP garante que é
possível evitar a maioria dos casos de suicídio, e que o apoio e o
acompanhamento de especialistas, de grupos religiosos e da família são muito importantes.
“O enfrentamento dos problemas, a busca de apoio em familiares, amigos, grupos
sociais como os religiosos e a procura de ajuda junto a profissionais de saúde
estão entre as estratégias de um enfrentamento bem-sucedido. Dentre as
estratégias de prevenção, a identificação e o tratamento dos transtornos
psiquiátricos são as mais eficazes. Nessa perspectiva, dois aspectos são
fundamentais: 1) a disponibilidade de uma assistência integral à saúde mental,
que envolva todos os níveis de atendimento, da atenção primária a leitos
psiquiátricos de internação durante a crise para o atendimento de casos graves;
2) o combate ao estigma em relação aos transtornos psiquiátricos, certamente a
principal barreira entre a desesperança causada pela doença e a busca por
ajuda. Em relação ao combate ao estigma, é importante ressaltar: é uma ação
vital, que está ao alcance de todo cidadão”.
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