O demônio existe: as provas da Escritura
05/08/25
Um alerta a todos os aventureiros que
negam a real existência do demônio ou reduzem-na a mera fantasia
Há, nos nossos dias, quem negue a existência do
demônio. Frente a essas negações gratuitas, elaboramos este artigo para
reafirmar – com a Igreja – que o demônio realmente existe. Ele é um anjo que
Deus criou bom, mas se perverteu pelo pecado (cf. Carta de S. Leão, Papa, ao
Bispo de Astorga, ano 447, in Justo
Collantes, SJ. La fé de la
Iglesia católica: las ideas e los hombres en los documentos doctrinales del
Magisterio. 3ª ed. Madri: BAC, 1983, p. 147-148, n. 199). Detalhemos.
O termo daimon (ou daimonium), que é grego e serve para
designar “todos os anjos maus” (Dom Estêvão Bettencourt, OSB. Curso de Antropologia Teológica. Rio
de Janeiro: Mater Ecclesiae, 2019, p. 439), não aparece no Antigo Testamento,
uma vez que este foi – exceto os sete livros deuterocanônicos (Tobias, Judite,
Baruque, Eclesiástico, 1º e 2º Macabeus e Sabedoria), além de trechos de Daniel
(3,24-90; 13,1-14,42) e Ester (10,4-16,24) – escrito em hebraico, a língua dos
judeus. Todavia, há termos semelhantes para designar o anjo mau. Assim, Satã = Adversário (cf. Jó 1,7;
2,2; 1Rs 22,19-23; 1Cr 21,1); Belial ou
beliyya’al = sem utilidade ou provocador de inimizade (cf. 2Sm 23,6; Jó 34,18;
cf. ainda São Paulo 2Cor 6,15); Asmodeu =
Exterminador (cf. Tb 3,8; 6,14); Baalzebub =
Senhor das moscas (2Rs 1,2.16; cf. também Mc 3,20). É também chamado de
Baalzebel = Senhor do Esterco; Serpente
Tentadora (cf. Gn 3,1-6) = Diabo (cf. Sb 2,24); Azazel = demônio do deserto (cf.
Lv 16,8-10.26) e Lúcifer,
termo latino traduzido de Is 14,12 (cf. nota d da Bíblia
de Jerusalém. São Paulo: Paulus, 2002).
O Novo Testamento demonstra a prática de exorcismos
(expulsões de espíritos maus) por parte dos judeus (cf. At 19,13; Mt 12,27-28;
ver ainda o historiador judeu Flávio Josefo (37-95 d.C.), no seu livro
Antiguidades Judaicas 8,45-46). Mais: Cristo, Nosso Senhor, também praticava
exorcismos (cf. Mt 9,32-34; 12,22-24; 15,21-28; Mc 1,23-28; Lc 8,28s;
13,10.17). Estes eram sinais visíveis de que o Senhor Jesus destruía o real –
não imaginário – império de Satanás e inaugurava o Reino de Deus na terra (cf.
Mt 12,28; Jo 12,31; Lc 10,17-20).
Aqui, surgem duas questões: 1) Os então chamados
possessos não seriam meros doentes? – Não. Os próprios Evangelhos distinguem
doenças em geral e possessões, conforme Mc 1,34; Mt 8,16-17; Lc 6,18 e, em
particular, Lc 4,40-41 que diz: “Depois do pôr do sol, todos os que tinham enfermos de diversas moléstias lhos
traziam. Impondo-lhes a mão, os curava. De muitos saíam os demônios, aos gritos, dizendo: ‘Tu és o Filho de Deus’.
Mas ele repreendia-os severamente, não lhes permitindo falar, porque sabiam que
ele era o Cristo” (itálicos nossos). Ademais, Nosso Senhor, que veio para dar
pleno testemunho da verdade (cf. Jo 18,37), jamais se prestaria a enganar o
povo ou a confirmá-lo no erro. Ao contrário, sempre corrigia as falsas doutrinas
de seu tempo (cf. Jo 9,1-2; Mt 19,1-12, por exemplo). 2) Por que São João, no
quarto Evangelho, nada fala sobre exorcismos? – Porque, escrevendo já por volta
do ano 100, entendia que Nosso Senhor fora mal compreendido entre os judeus que
julgavam ser ele mesmo um possesso (cf. Jo 7,20; 8,48.52; 10,20) ou alguém que
assustava o povo com seus exorcismos muito superiores aos dos exorcistas judeus
(cf. Mc 5,15; 3,22; Mt 10,25). Ainda: os próprios apóstolos Pedro e Paulo
foram, sem mais, tidos como magos (cf. At 8,18-20; 19,13-20). Eis ponderações
plausíveis para entender a razão pela qual “São João omitiu os feitos de Jesus
como exorcista” (Pergunte e
Responderemos n. 554, agosto de 2008, p. 338).
Por fim, como alerta a todos os aventureiros que
negam a real existência do demônio ou reduzem-na a mera fantasia, citemos as
fortes palavras do Papa São Paulo VI, na Audiência Geral de 15/11/1972: “Deixa
o quadro do ensinamento bíblico e eclesial quem se recusa a reconhecer a
existência do demônio […] ou ainda quem explica o demônio como sendo uma
pseudo-realidade, uma personificação conceitual e fantástica das causas
desconhecidas de nossas desgraças” (A existência de Satanás e dos
demônios in Revista de Cultura Bíblica. vol. V,
n. 17-18. São Paulo: Loyola, 1981, p. 5-9).
Eis, pois, a doutrina da Sagrada Escritura sobre a
real existência do demônio.
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