Entenda por que a busca pela felicidade quase nunca
funciona
16/07/25
Estudos mostram que, quanto mais
valorizamos a felicidade, mais nos sentimos infelizes
A cada início de ano, todos decidem que, nos
próximos 365 dias, tentarão ser mais felizes do que foram no ano anterior.
Toda a terapia de compras que tentamos no ano
passado não funcionou. Entrar na academia não ajudou. Viajar é bom, mas não foi
a resposta. Comer uma comidinha melhor era saboroso, mas não o segredo da
felicidade eterna. A nova casa foi definitivamente uma melhoria, mas agora é um
só um bem adquirido, além do fato de algumas das outras casas do quarteirão
serem mais agradáveis. A nova carreira paga melhor, mas no final é apenas
trabalho
Acontece que todos os nossos grandes projetos de
conquistar a felicidade por meio de alguma mudança de estilo de vida ou nova
aquisição ficaram aquém. Porém, a busca pela felicidade deve continuar.
Mas veja bem: não estou dizendo que não faz sentido
se exercitar ou ingerir alimentos nutritivos. A vida deve ser vivida da melhor
maneira possível. O que quero dizer é que, se estivermos fazendo essas coisas
apenas porque pensamos que elas nos trarão a felicidade, estamos destinados à
decepção.
A busca pela felicidade está nos deixando tristes.
Tornou-se um bezerro de ouro, um ídolo que cobiçamos como o objetivo e o
propósito de nossas vidas. Ouça atentamente como as pessoas descrevem a
felicidade, como é retratada na televisão e no cinema. Falamos sobre ela como
se a merecêssemos ou como se a falta dela significasse que algo dará
terrivelmente errado e precisaremos fazer mudanças pessoais drásticas para
adquiri-la.
Você vê o que aconteceu? A felicidade tornou-se uma
mercadoria, um objeto que egoisticamente cobiçamos. A maneira como pensamos
sobre a felicidade é como se ela fosse um produto com um preço. Se você pagar o
preço, por exemplo, indo à academia, a expectativa é que o custo valha a pena.
Se eu malhar, espero que meu corpo saudável e em forma conceda meu desejo de
felicidade, mas isso nunca acontece. Outros exemplos são ainda mais desanimadores.
As pessoas citarão a busca da felicidade pessoal para justificar as decisões
mais egoístas, agindo com irresponsabilidade egocêntrica. Essas escolhas sempre
saem pela culatra, deixando-nos mais descontentes do que antes.
Há uma razão psicológica pela qual a busca pela
felicidade sempre fica aquém do que esperamos. Estudos mostram que quanto mais
você valoriza a felicidade, menos feliz você é, o que significa que se você se
concentrar em um ideal de felicidade, quando na verdade ja é feliz, acabará desapontado,
porque achará que não é tão feliz quanto você pensa. Ficamos tão convencidos de
como é a felicidade imaginária que sentimos falta dela quando realmente somos
felizes. É um processo autodestrutivo.
Então, como podemos ser felizes?
Primeiro, não podemos esperar que uma resolução de
ano novo, uma grande compra ou uma mudança drástica na vida traga felicidade
automaticamente. Podem ser mudanças que desejamos e precisamos fazer em nossas
vidas, mas devemos fazê-las por si mesmas, não por causa do benefício percebido
da felicidade no futuro. A maneira de quebrar o paradoxo, o segredo para ser
feliz, é realmente bastante simples – pare de ficar obcecado por isso.
Santo Agostinho, um homem que procurou
desesperadamente a felicidade (e falhou) durante a primeira metade da vida,
finalmente desistiu de perseguir mulheres, desejo de fama e sucesso na carreira
para pensar um pouco sobre o que havia dado errado em sua busca pela
felicidade.
Ele percebeu que suas motivações eram prejudiciais;
eram uma forma de amor fora de lugar. Ele queria sentir a emoção de ser feliz,
então amava egoisticamente as coisas erradas ou amava as coisas certas, mas da
maneira errada. Se ficarmos obcecados com a felicidade pessoal, tenderemos a
amar apenas o que achamos que irá beneficiar a nós mesmos; portanto, o amor é
corrupto e, em última análise, é muito egocêntrico.
O objetivo de nossa existência é dar e receber amor
verdadeiro, encontrar nossa felicidade esquecendo de nós mesmos e abrindo
nossos corações para os outros. Este é o amor corretamente ordenado. Sabendo
disso, torna-se óbvio como uma obsessão pela felicidade pessoal irá
inevitavelmente falhar. O amor a si próprio abre o caminho para a infelicidade.
Vale a pena fazer uma resolução de ano novo: não se
preocupe com a busca da felicidade. Esquecer de nós mesmos, amar as pessoas ao
nosso redor, deliciar-se com sua felicidade e cultivar gratidão a cada dia nos
colocam em um caminho diferente. Esse caminho não promete felicidade pessoal no
fim do arco-íris. Se você der seu amor, se você procurar fazer as pessoas
felizes primeiro, quando olhar para a sua vida, descobrirá que, o tempo todo,
você ficou muito, muito feliz.
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