Só há cura e testemunho
quando há dor
16/08/25
Devemos ter a consciência de que a dor foi feita para ser sentida,
queiramos nós ou não. Enquanto tentarmos negá-la, a nossa vida continuará em
escalas de cinza
Quando vivenciamos um processo de dor, queremos
logo acabar com isso. É tanta, mas tanta dor que ela se torna imensurável.
Diante da dor, a vida fica escura e fosca. Ela nos
cega de uma forma, que fica difícil ver a luz do dia. E não interessa o
que as pessoas nos digam, simplesmente nada adianta ou acaba com o sofrimento.
É por isso que devemos ter a consciência de que a
dor foi feita para ser sentida - queiramos nós ou não. Enquanto tentarmos
negá-la, fugir dela ou deixá-la num canto, a nossa vida continuará em escalas
de cinza.
Sempre digo aos meus pacientes que a dor vai
batendo na porta do nosso coração, até que a gente abra a porta dele para
senti-la e deixar que ela tenha o papel que deve ter em nossas vidas.
Enquanto não abrimos a porta do coração, a dor
insiste. Bate, bate e bate. Até que, num dia qualquer, ela simplesmente arromba
a porta do nosso coração. E quando arromba, ela vem em forma de depressão,
angústia, ansiedade, entre outras emoções e transtornos psíquicos.
Infelizmente ou felizmente, nunca conseguiremos
escolher o que sentir. Se você escolhe sentir, você escolhe bancar com a dor e
com a alegria. Se você escolhe não sentir, você banca com uma vida vazia de
emoções. Sentir é tudo ou nada. Não existe meio termo.
Acredite, eu sei o quanto nós temos a errônea mania
de fugir das dores. Porque elas doem demais. É ruim e dilacera o nosso coração.
Inclusive - arrisco dizer - que a dor de uma perna quebrada dói menos do que a
dor de um coração partido.
É por isso que me refiro aqui à dor da alma. Deus
permite noites escuras da alma, que assolam o nosso coração. É um período de
deserto, onde não entendemos os porquês e os “nãos” de Deus. Isso
acontece, em especial, quando enfrentamos a aridez da fé. Deus permite que, em
alguns períodos, vivamos pelo sentimento, ou seja, sentimos Deus muito próximo
de nós, apesar da dor.
Contudo, Deus também permite o período de aridez.
Isto é: sofremos, mas não sentimos Deus. A aridez destrói nossa capacidade de
sentir, e nos obrigada - de alguma forma - a viver somente pela fé.
Nunca saberemos o papel de cada sofrimento em
nossas vidas. Mas de uma coisa eu tenho certeza: só há cura e testemunho quando
há dor.
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