Como vai a sua memória?
31/07/25
Muitos católicos têm tido falta de ânimo para frequentar uma missa,
rezar ou mesmo se prostrar na presença de Deus simplesmente pela perda da
memória
Pela manhã a vida urge. Toma-se aquele café rápido
sem muito tempo para apreciá-lo, com um desatento “bom dia” dado ao familiar de
forma a nem sequer escutar a resposta dada. A vida parece estar andando mais
depressa, porque, se antes na infância apenas engatinhava, passou, na mocidade,
a caminhar, mas agora, já na vida adulta, parece ter aguça para chegar a
algum lugar, a algum tempo, a algum sentido.
O agora vai se decompondo e dando espaço a um certo
depois e depois e depois inatingível. E quando não se está em busca do
“ganha-pão” diário, dedica-se o tempo, como birutas, pela procura do prazer a
todo o custo.
Não há dúvida de que somos animais, mas se a falta
do poder racional é axiomático nos bichos, tal fato não deveria ocorrer no ser
humano, já que, a nós foi dada a chance de pensar e refletir, mas estamos
fazendo pouco caso desse benefício. O poderio racional vai se esvaindo a medida
que a busca pela autossatisfação gera maior domínio do que o entendimento das
nossas ações. E não é tanto pelo fim, mas o meio com o qual o indivíduo
persegue tal coisa.
Um exemplo a se pensar é neste: imagine um cachorro
de rua que está a correr perigo em uma construção que irá desmoronar. Chamá-lo
e dizer o perigo iminente não fará com que o cão saia, mas talvez, uma bela
tigela de comida tornará a saída bem mais fácil. Em contrapartida, ao ser
humano, caberia apenas informar a verdade e já seria o suficiente para a sua
saída do local perigoso. Tais situações relatadas parecem óbvias, mas há, em
muitos casos, por parte daquele que se julga racional, a necessidade da
recompensa para agir de maneira decente.
Viver deixou de ser meio para se tornar fim e esse
está sendo o perigo na vida do cristão atualmente, sobretudo porque se o
prazer, a felicidade, o bem-estar são os grandes alvos, a vida Daquele que
deveríamos nos mirar parece não fazer mais tanto sentido, uma vez que a Sua
cruz verdadeira é o símbolo do maior desapego de Jesus a esta vida e convite à
vida eterna. E é aí que reside a nossa falta de memória, porque esquecemos o
nosso verdadeiro propósito e acabamos nos perdendo e desviando o nosso caminho
por conta de migalhas que o mundo nos oferece, fazendo-nos acreditar que o
paraíso é aqui.
Decisão
Decidir-se por Deus é abrir guerra contra o
inimigo, é saber que a luta espiritual além de ser grande, também é, muitas
vezes, diária. Não basta compreender que Deus existe, satanás também
compreende. A crença na existência do divino não nos torna no caminho para a
santidade. É preciso acreditar e ter fé naquele amor redentor que nos salvou,
que nos salva e que a todo o instante continua a nos salvar. Ele nos ama, ainda
que nós não sejamos capazes de compreender a imensidão de tudo isso, saiba
sempre que esse Amor é mais forte que a própria morte e não aceite tigelas ou migalhas
que o mundo insistentemente oferece.
Quando esquecemos do amor de Deus, esquecemos do
maior tesouro e tendemos a ficar tristes, desanimados com tudo e com todos e
nos estregamos à tibieza e à falta de devoção. Muitos católicos têm tido falta
de ânimo para frequentar uma missa, rezar ou mesmo se prostrar na presença de
Deus simplesmente pela perda da memória.
Certa vez, um homem escreveu a um editor de jornal
o seguinte: “não faz sentido ir à missa todos os domingos, afinal eu vou à
missa há mais de trinta anos e escutei mais de três mil sermões, mas se alguém
me perguntasse, eu não saberia dizer nenhum deles”. Então o editor respondeu:
“Sou casado há mais de trinte anos e durante esse tempo, minha esposa fez
diversas refeições para mim e se alguém me perguntasse eu não me lembro direito
nenhuma delas, mas se não fossem essas refeições, eu não estaria aqui, porque
foi esse alimento que me sustentou”. Da mesma forma ocorre com os sacramentos,
com a missa, com as pregações ouvidas, com as leituras bíblicas, com as
orações. Todas são sustento para que hoje você pudesse estar aqui.
Não façamos pouco caso da nossa trajetória, do
nosso galgar diário, não ignoremos o processo que nos leva ao fim único, porque
fazer memória de cada bem-aventurança, de cada tropeço, de cada milagre
presenciado, de cada joelho dobrado, de cada lágrima ao chão e de cada cura
fará com que aquela cruz no altar não venha a ser nunca em vão.
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