Medo: qual o limite entre o
normal e a doença?
03/08/25
O medo é uma das emoções primárias que
resultam da aversão natural à ameaça, presente tanto nos animais como em seres
humanos
O medo é uma emoção que se caracteriza por um
intenso sentimento, habitualmente desagradável, provocado pela percepção de um
perigo, seja presente ou futuro, real ou suposto. É uma das emoções primárias
que resultam da aversão natural à ameaça, presente tanto nos animais como em
seres humanos.
Essa herança primitiva protegeu o homem de ameaças
como animais, preparando-os para luta ou fuga e nos protege em situações
simples, como avaliar o risco ao atravessar uma rua, por exemplo. Porém, esse
medo, quando intenso, pode levar-nos a uma avaliação extrema e pouco realista
das coisas.
É comum encontrarmos nos pronto-atendimentos de
hospitais pessoas com queixas cardiológicas, sintomas como tontura, arritmia,
uma sensação de morte, dor no peito, enfim, sintomas, que, quando avaliados,
estão relacionados ao medo patológico que tornou-se ansiedade. Questionadas,
após a crise inicial, essas pessoas relatam esse medo e desconforto extremo, que
avaliados, não se baseiam em realidade.
Em alguns casos, a situação extrema de medo pode
fazer com que a pessoa não consiga participar de festas, viajar de avião, sair
na rua, conviver, trabalhar, estudar. Nesse caso, estamos falando de um medo
que virou doença.
Geralmente, as doenças relacionadas ao medo têm
caráter emocional, como transtorno do pânico, ansiedade generalizada,
transtorno de estresse pós-traumático (que acontece depois de um assalto ou
sequestro, por exemplo), ou seja, todos os transtornos de ansiedade têm relação
direta com essas situações de medo desproporcional e paralisante.
Uma questão preocupante é que pessoas afetadas pela
ansiedade, poderão também passar pela depressão, ou seja, sofrer com duas
condições que são debilitantes e trazem prejuízos ao percurso normal da vida.
Saúde e bem-estar efetivo são diretamente prejudicados naqueles que passam
pelos transtornos ansiosos.
Quanto mais negamos e evitamos as situações de
medo, mais ansiosos ficamos, ou seja, apenas vamos superar se lidarmos com
isto, ou seja, se ao invés de nossa inimiga ela passe a ser amiga e nossos
sentimentos de angústia sejam minimizados. Emoções não são inimigas, mas são
guias, sinalizam que algo vai bem ou não vai bem. Não tenha raiva delas, mas as
compreenda para discernir aquilo que pode ser melhorado em sua vida.
A virada se dará quando não mais dominado pelo
medo, você consiga fazer uma avaliação mais realista e com menor sofrimento das
situações, trazendo mais racionalidade e, com isso, maior controle sobre aquilo
que sente. Será importante incluir doses de realismo, mas sem o negativismo que
geralmente é uma lente bastante usada pelas pessoas ansiosas.
Não temos o controle de tudo e nem tudo sairá de
forma perfeita. É esta necessidade que vamos criando, que acaba por ser uma das
causadoras da tal ansiedade. Permita-se ver as situações de uma forma
diferente, e, acima de tudo, aceite a orientação médica e psicoterapêutica
quando as situações de ansiedade se tornarem prejudiciais à sua saúde e ao
andamento de sua rotina diária.
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Elaine Ribeiro é psicóloga clínica e organizacional da Fundação João Paulo II /
Canção Nova. Twitter: @elaineribeirosp
Blog: http://temasempsicologia.wordpress.com
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