5 maneiras de amar a vida como ela é (e parar de reclamar)
16/05/25
Um monge beneditino nos convida a
experimentar uma justa e boa satisfação em relação à nossa própria vida
"Estar contente com a própria sorte é a maior
riqueza", diz o provérbio. Um tesouro difícil de considerar,
sobretudo quando estamos eternamente insatisfeitos. No entanto, existem
maneiras de acessar a paz interior e saborear a alegria dos humildes.
No limite entre a psicologia e a espiritualidade, o
monge beneditino alemão Anselm Grün fornece pistas para amar a vida como ela
é. Entre a satisfação sonolenta dos saciados e a ruidosa satisfação dos
exibicionistas, emerge a satisfação que ele chama de
"agradecida". A justa e boa satisfação de quem se contenta com o
que tem e agradece pelo que lhe é dado. É aquele que não reclama, mesmo
que a vida não seja um mar de rosas. Um sentimento que leva à alegria e à
felicidade.
Como atingir esse patamar. Aqui estão alguns
caminhos.
1Encontre a paz interior
Pré-requisito para a serenidade: paz interior. “Quem
encontrou a sua paz interior ou se esforça por alcançá-la fica mais facilmente
satisfeito com a sua vida”, assegura o monge beneditino. Isso significa
aceitar-se como você é, estar em sintonia consigo mesmo, aceitar suas fraquezas. "Se
sou dominado por minhas necessidades, se estou furioso comigo mesmo e contra
minhas fraquezas", então não tenho paz interior. “Estar em paz
significa que tudo é permitido no espaço protegido da minha alma e do meu
corpo. Tudo me pertence, mas nada me domina. Tudo o que aceito de mim
me permite viver livremente. Não sinto a pressão de ter que me encaixar em
um molde”, diz Anselm Grün.
Aquele que está em paz consigo mesmo fica mais
facilmente satisfeito com o que o cerca. Porque nada vai tirar sua paz
interior. Por outro lado, observa o monge, aquele que está insatisfeito
com as coisas externas (o aluguel que não corresponde ao que desejava, o
ambiente ruidoso que o perturba, as condições de trabalho de sua empresa etc.)
não está em paz consigo mesmo. Então, ele reclama de tudo.
2Cultive a simplicidade e a modéstia
Uma das fontes de satisfação reside em não ter
exigências muito altas. Cultivar a simplicidade, amar a moderação, adotar
a modéstia: tudo isso contribui para sentir satisfação. Não se trata de
resignar-se, mas de contentar-se com o que a vida nos oferece, em vez de querer
sempre mais ou sempre melhor.
“Não ter expectativas muito altas faz você se
sentir calmo”, comenta Anselm Grün. “Percebo hoje que muitos de nós temos
reivindicações exageradas: tenho direito à saúde, direito a um quarto tranquilo
no hotel, direito de exigir dos meus filhos que respeitem o meu
descanso”. Tantas reivindicações que não te deixam nem sereno nem
feliz. “Quem pensa constantemente nas próprias necessidades não é sereno,
e busca o motivo profundo de sua insatisfação nas circunstâncias externas,
enquanto ela está em si mesmo”, explica o monge.
3Seja gentil consigo mesmo
Os insatisfeitos são duros consigo
mesmos. Ficam pensando que poderiam ter feito melhor, comparam-se com os
outros e se repreendem. No entanto, lembra Anselm Grün: "sempre
haverá pessoas que se expressarão melhor do que eu, que terão uma vida melhor,
que terão mais sucesso e influência do que eu. Enquanto me comparo, não
posso estar satisfeito com o que sou e com o que possuo. Nesse sentido,
Soren Kierkegaard acreditava que a comparação marca o fim da felicidade e o
início da insatisfação".
Para o monge alemão, “estar satisfeito e sereno é
aceitar o que foi, mesmo o que não foi um sucesso total, e apresentá-lo a Deus,
com a esperança de que Ele o transforme em bênção”. Na realidade, o
insatisfeito dá demasiada importância ao seu ego. Gostaria de ter sucesso,
de ser admirado, de causar boa impressão... Mas é o seu ego que pretende ser
apreciado, reconhecido e elogiado. Ele só ficará satisfeito e sereno se
descumprir essas exigências.
4Pratique a gratidão
A satisfação está intimamente ligada à
gratidão. O ingrato nunca está satisfeito. Ele nunca está feliz e
sempre quer mais. Ao contrário, reconhecer um benefício possibilita a
experiência de satisfação. Anselm Grün exorta a não pensar no que não
tenho, mas a agradecer pelo que tenho. Uma grata satisfação que pressupõe
ter consciência do dom que me foi feito. “Fico feliz com a água que bebo,
mas só fico feliz de verdade se sinto que sacia minha sede e como fico feliz de
beber água fresca”, explica.
O filósofo búlgaro Omraam Mikhaël Aïvanhov disse:
“No dia em que me acostumei a pronunciar conscientemente a palavra obrigado,
senti que tinha uma varinha mágica capaz de transformar tudo”. O ser
agradecido identifica a cada momento os dons que Deus lhe oferece.
Uma atitude que não diz respeito apenas a quem a vida sorri. O monge dá muitos exemplos de homens e mulheres provados que, apesar de tudo, souberam manter a alegria de viver e demonstrar gratidão. Que souberam aceitar a vida tal como lhes foi oferecida. Estar satisfeito com a própria vida, portanto, não depende do que se viveu, mas da maneira como a examinamos e interpretamos, deduz Anselm Grün. É tudo uma questão de perspectiva. “Cabe a cada um de nós decidir se quer olhar para o passado com um olhar amargo ou um olhar de gratidão. O passado é o que é, você não pode mudá-lo. Mas se olharmos com olhos de gratidão, em vez de reclamar do nosso destino, o veremos de maneira diferente”.
5Confie na misericórdia de Deus
Um dos caminhos espirituais para alcançar a paz
interior e a serenidade reside na confiança que depositamos no amor
incondicional de Deus por cada um de nós. Deus nos chama à santidade, não
à perfeição. O insatisfeito pode imaginar que Deus o quer perfeito. Mas
"Deus ama-me tal como sou", sublinha o monge. "Ele não
espera que eu compre seu amor com meu desempenho ou comportamento
impecável."
Como um pai ama seu filho incondicionalmente, e não
em relação ao que ele realiza, Deus ama cada uma de suas criaturas. Ele
não disse, dirigindo-se a todos, no batismo de Cristo: "Tu és o meu Filho
muito amado; em ti ponho minha afeição" ( Mc 1, 11 )?
Fonte: La joie des petites choses,
Anselm Grün.
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