Necessidade da perseverança
07/05/25
Uma leitura espiritual para alimentar
sua alma – diretamente dos escritos de Santo Afonso Maria de Ligório
Grave
estas palavras em seu coração:
Qui autem perseveraverit usque in finem, hic salvus
erit — “Quem perseverar até o fim, será salvo” (Mat.
24, 13).
Meu irmão, puseste agora mãos à obra; começaste a
viver bem. Dá por isso graças ao Senhor. Lembra-te, porém, que ao que começa a
recompensa é apenas prometida, mas é dada somente ao que persevera até ao fim.
Quantos começarem bem, talvez melhor do que tu, mas depois acabaram mal e agora
ardem no inferno!
Para obteres a perseverança, deves em primeiro
lugar pedi-la a Deus, e de teu lado deves empregar os meios mais apropriados.
São muitos os que começam, diz São Jerônimo, mas
são poucos os que perseveram. Um Saul, um Judas, um Tertuliano começaram bem,
mas acabaram mal, porque não perseveram no bem.
Devemos saber, continua o mesmo Santo, que Deus não
pede somente o começo de vida boa, mas quer também o fim: o fim é que alcançará
a recompensa. Diz São Boaventura que a coroa se dá somente à
perseverança: Sola perseverantia coronatur. Pelo que São Lourenço Justiniani
chama a perseverança porta do céu: coeli ianuam. Ora, não poderá entrar no
paraíso quem não der com a porta.
Agora, meu irmão, abandonaste o pecado, e crês com
razão ter recebido o perdão. És, pois, amigo de Deus; sabe todavia que não
estás ainda salvo. E quando estarás salvo? Quando tiveres perseverado até ao
fim: Que
perseveraverit usque in finem, hic salvus erit.
Começaste a viver bem: agradece-o ao Senhor; mas
avisa-te São Bernardo que a recompensa celeste é somente prometida ao que
principia, mas é somente dada ao que persevera. Não basta olhar só ao fim: é
preciso ir após ele até alcançá-lo, segundo a expressão do Apóstolo: Sic currite, ut
comprehendatis (1) — “Correi de tal modo que o alcanceis”.
Já meteste a mão ao arado, principiaste a viver
bem; mas agora, mais do que nunca, teme e treme: “Empenhai-vos na obra de vossa salvação com
temor e tremor” (2), diz o Apóstolo. E por quê? Porque se olhares
para trás — o que não permita Deus! — e voltares para a vida de pecado, Deus te
declarará excluído do céu: Nemo
mittens manum ad aratrum et respiciens retro, aptus est regno Dei (3)
— “Nenhum que mete a sua mão ao
arado e olha para trás é apto para o reino de Deus”.
A perseverança tão necessária para a salvação é um dom todo gratuito de Deus, que nós nunca podemos merecer. Mas, como ensina Santo Agostinho, obtê-la-ão da misericórdia divina todos os que lh’a pedem e por seu lado empregam os meios próprios para levar uma vida bem ordenada. — Se queres perseverar e salvar-te, frequenta os santíssimos Sacramentos; faze todos os dias uma meditação e ouve uma santa missa; visita todos os dias a Jesus sacramentado e examina a tua consciência. Tem sobretudo grande devoção a Nossa Senhora, que se chama a Mãe da perseverança. Consagra-te também muitas vezes inteiramente ao Senhor, e dize-Lhe com ternura, especialmente de manhã, antes de te dares às ocupações:
“Ó Deus eterno, eis-me aqui prostrado em presença de vossa infinita majestade,
e adorando-Vos humildemente, consagro-Vos todos os meus pensamentos, palavras e
obras deste dia, e tenho tensão de fazer tudo por vosso amor, para vossa
glória, para cumprir a vossa divina vontade, para Vos servir, louvar, e bendizer,
para ser iluminado acerca dos mistérios de nossa santa fé, para assegurar a
minha salvação e esperar na vossa misericórdia, para satisfazer à vossa divina
justiça pelos meus muitos e gravíssimos pecados, em sufrágio das almas santas
do purgatório e para obter para todos os pecadores a graça de uma verdadeira
conversão.
“Numa palavra, tenho a intenção de fazer tudo em
união com as intenções puríssimas que em sua vida tiveram Jesus e Maria, todos
os santos do céu e todos os justos da terra. Quisera que me fosse possível
assinar esta minha intenção com o meu próprio sangue e repeti-la a cada
instante tantas vezes, quantos são os instantes de toda a eternidade.
Recebei, ó meu Deus amado, esta minha boa vontade;
dai-me a vossa santa benção com a graça eficaz de nunca cometer um pecado
mortal em toda a minha vida, e particularmente neste dia, no qual desejo e
tenciono ganhar todas as indulgências que possa ganhar, e assistir a todas as
missas que hoje vão ser celebradas no mundo inteiro, aplicando-as todas em sufrágio
das almas santas do purgatório, a fim de que sejam livradas daquelas
penas. Assim seja.” (4) (*II 141.)
I Cor. 9, 24.
2. Fil. 2, 12.
3. Luc. 9, 62.
Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II – Santo Afonso
(via Vera Fidei)
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