A espiritualidade da Misericórdia que brota do Coração de Jesus
08/05/24
Quanto mais crescermos nessa devoção, mais nos
deixaremos atrair pelo amor de Deus
“Amei-te com
amor eterno; por isso atrai-te a mim cheio de misericórdia…” (Jr 31, 3).
Esta passagem de Jeremias nos permite ver o
núcleo da relação de Deus com suas criaturas. Deus nos ama e esse amor se
expressa em sua misericórdia infinita por cada um de nós. Nas palavras
do Papa Francisco: “Misericórdia:
é o caminho que une Deus e o homem, porque nos abre o coração à esperança de
sermos amados para sempre, apesar da limitação do nosso pecado”. E
esse caminho fica particularmente evidente quando contemplamos o Sagrado Coração
de Jesus.
No documento chamado Haurietis Aquas, sobre o culto
do Sagrado Coração de Jesus, podemos ler que “ao mostrar o Senhor o Seu Coração
Sacratíssimo, de modo extraordinário e singular, quis atrair a consideração dos
homens para a contemplação e a veneração do amor misericordioso de Deus para
com o gênero humano”.
No Coração de Jesus, podemos ver
essa chama ardente de amor misericordioso, que consome a cruz
e os espinhos dos nossos pecados, para nos lembrar que a força do Amor de Deus
é infinitamente maior que as nossas falhas.
Chama a atenção que tanto a passagem bíblica como o
documento da Igreja falem de atração. “Atrai-te a mim” e “quis atrair a
consideração”. Penso ser uma palavra que expressa bem o desejo
mais íntimo de Deus de que Lhe entreguemos os nossos corações. Essa
palavra manifesta a incansável busca de Deus por nós, mas também
deixa claro que Ele nunca atropela a nossa liberdade; Ele atrai, não nos toma.
É sempre uma decisão nossa deixar-nos atrair por Ele ou não.
É fácil lembrar aqui aquela passagem do Apocalipse
que diz: “Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e
abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo” (Ap 3,
20). Ele nunca vai arrombar essa porta. Mas, da mesma
maneira que nunca vai deixar de bater, também não se cansa em mostrar-se rico
em misericórdia, esperando que um dia lhe concedamos nossos corações, ou que
lhe abramos a porta.
Quando celebramos o Sagrado Coração de
Jesus, devoção que infunde inumeráveis riquezas celestiais nas almas dos
fiéis, estamos celebrando o culto à Pessoa do Verbo Encarnado, a
segunda da Santíssima Trindade. E como nos diz o Papa Francisco, Jesus
Cristo é o rosto da Misericórdia do Pai. Em Cristo, podemos ver o tamanho da
misericórdia de Deus.
Enquanto caminhou pela Terra, Cristo passou fazendo
o bem, irradiando, desde seu Sagrado Coração, a Divina Misericórdia.
Com esse olhar atraiu os homens de ontem e quer continuar atraindo os de hoje.
Quanto mais crescermos nessa devoção, mais nos deixaremos atrair pelo amor de
Deus.
Junto à devoção do Sagrado Coração, e
também com a intenção de render-lhe um culto mais digno, é importante unir a
devoção ao Imaculado Coração de Maria, não apenas celebrando-os em dias
sucessivos (como sabiamente o escolheu fazer a Igreja), mas unindo-os em nossas
vidas. O Coração de Maria é quem melhor nos leva ao Coração de Jesus. Quanto
mais nos aproximamos da Mãe de Cristo, mais ela vai nos ensinando a assemelhar
o nosso coração com o de seu Filho.
Que na Solenidade do Sagrado Coração deixemo-nos
atrair um pouco mais pela misericórdia infinita que jorra
desse Coração. Não lhe fechemos as portas; pelo contrário, façamos um esforço
por abri-las de par em par, para que recebamos com sinceridade tudo aquilo que
Deus quer nos dar.
Por João Antônio Johas, via A12
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